É, sem dúvida, o duelo que marca o inicio de temporada. Pela segunda vez em poucas semanas, FC Porto e Sporting medem forças num embate que junta os dois candidatos que, nesta altura, mais evolução apresentam nos respectivos modelos de jogo. Não é, longe disso, uma partida decisiva, mas o seu resultado poderá – caso não se verifique o empate – a vantagem de um dos concorrentes face aos demais candidatos. Numa corrida ao título que se adivinha com características semelhantes a 06/07, a liderança pode, como referi, não ser decisiva, mas será certamente importante. Em relação ao jogo da Supertaça este será um embate com algumas diferenças, quer pelas evoluções que, de lá para cá, se verificaram nas duas equipas, quer pela diferença entre a natureza das duas partidas.
Porto
O Porto será uma equipa mais disposta a tomar as rédeas da partida, não ignorando a responsabilidade de jogar em casa. O 4-3-3 de Jesualdo deverá manter-se, com a integração de Lisandro e Lucho no onze, o que oferece maior imprevisibilidade de movimentos sem bola sobre a zona central. Em relação às últimas partidas, não creio que Lisandro se vá preocupar tanto com Veloso nas acções defensivas (essa é uma opção mais própria para os jogos fora do Dragão), nem que Lucho vá ter tantas liberdades no espaço entre linhas como em Braga (o Sporting defende de forma mais compacta). O Porto procurará a emoção das bancadas para galvanizar a equipa a conseguir um domínio que pode ser fundamental e que não tem sido fácil de exercer nos últimos embates com o Sporting de Paulo Bento. Fucile será uma novidade que poderá dar outra qualidade ao lado esquerdo do Dragão.
Sporting
No Sporting, como sempre, o domínio pela posse de bola e o equilíbrio defensivo vão ser os propósitos essenciais da equipa na abordagem ao jogo. Paulo Bento sabe que se os conseguir dificilmente trará um resultado negativo do Dragão, mas a missão não deverá ser tão fácil como em 06/07. Se é certo que o FC Porto ainda não apresenta um futebol tão fluído como na época transacta (recorre muitas vezes à inspiração de Quaresma), também é um facto que não há ainda um entendimento ao nível do que acontecia quando Tello e Nani combinavam com Romagnoli sobre o lado esquerdo. Outra das questões reside, precisamente, na lateral esquerda onde Ronny não apresenta total confiança pelas limitações no seu posicionamento defensivo (tem sempre muita dificuldade em ler os espaços interiores). De resto, como já aqui expus, a dupla Liedson-Derlei parece poder representar um maior tormento do que qualquer outra parelha em 06/07 e essa pode ser uma vantagem perante uma defensiva portista que deverá ter de correr alguns riscos no seu adiantamento e que já não conta com as espantosas recuperações posicionais de Pepe.
Enfim, prevejo um jogo equilibrado, de desfecho imprevisível, e onde o domínio poderá ser factor decisivo. Se o Porto o conseguir, empurrará o Sporting repetidamente para uma zona recuada, anulando a grande força da equipa de Paulo Bento, o meio campo. Se, por outro lado, o Sporting tiver mais bola, então o Porto dificilmente será muito perigoso já que o Sporting é muito forte nas transições defensivas. Os leões poderão assim encaminhar o jogo para algo semelhante ao que aconteceu na época transacta. Entre tantas incertezas, há uma coisa que não espero, muitos golos.