16.8.07

Manuel Fernandes: A lei do mercado

ver comentários...
Foi, desde cedo e apesar de todos os milhões despendidos pelos cofres encarnados em aquisições, por muitos antecipado como o “melhor reforço” do Benfica para 07/08. A verdade é que no momento em que o regresso parecia um dado concreto, Manuel Fernandes está de volta... mas ao Everton.

A posição do médio no processo não é, de todo, simpática para o Benfica. Não só pela desagradável manifestação de vontade de sair como, sobretudo, pela forma como acabou por fragilizar a posição do clube no processo negocial. Pessoalmente, não tenho dificuldades em perceber a vontade do jogador – note-se que não me refiro ao comportamento do jogador perante o decurso das negociações. A Premier League é hoje a maior montra do futebol mundial e, apesar da dimensão menor do Everton na Europa (comparativamente com o Benfica), os “Toffees” são uma formação entre o top 10 da tabela, estando o jogador perfeitamente adaptado à realidade do clube e do país, e apresentando-se como uma mais valia clara para a equipa num meio campo em que apenas Arteta pode ombrear com a sua qualidade. Nestas coisas, já se sabe, cada caso é um caso, mas para Manuel Fernandes a Premier League e o Everton são mesmo uma grande oportunidade na carreira.

Para o Benfica fica o segundo sinal em poucas semanas (o outro foi a saída de Simão) de que a dimensão do clube nem sempre é suficiente para colmatar as limitações do campeonato em que se insere, sendo que os jogadores têm hoje perfeita consciência de que a dimensão do emblema pode não representar uma mais valia perante uma presença numa liga mais mediática, ainda que num clube de menor projecção nas competições da UEFA. Não é um mal do Benfica, é do futebol português, mas são os clubes maiores que devem perceber que esta é uma tendência que só pode ser invertida com a acção de todos...

No que respeita à equipa e aos efeitos deste inesperado incidente, a baixa tem relevância quanto baste para justificar uma aquisição extra. Tal como aconteceu com Simão, dificilmente será possível ir ao mercado buscar um valor de igual valia e potencial e, por isso, a estratégia terá de apontar para outros objectivos para além da mera substituição imediata da mais valia perdida. Neste aspecto, parece-me que a opção poderá passar pelo reforço da zona central da defesa e não por uma contratação para o “miolo”. Katsouranis é claramente uma opção que Santos reservava para a ocupação do posto de central em caso de emergência e a contratação de mais um elemento para a defesa libertaria o grego exclusivamente para o meio campo, função que desempenha com qualidade evidentemente superior às restantes alternativas.

AddThis