27.8.07

Porto - Sporting: Agressividade do Dragão

ver comentários...
No lançamento da partida referi a importância que teria o domínio do jogo para ambas as equipas. Este aspecto tem que ver fundamentalmente com o facto de não ser previsível, em face das prioridades de jogo de cada uma das formações, que qualquer dos conjuntos pudesse ser consistentemente perigoso em transição. Mais uma vez o jogo mostrou-o.


Jesualdo introduziu como única novidade o posicionamento de Lisandro como ponta de lança, jogando com Tarik e Quaresma nas alas, ou seja, sem extremos interiores. Esta opção forçava o Porto a ter que ser forte nas zonas circundantes da área já que lá dentro apenas os ocasionais movimentos sem bola de Lucho e Meireles poderiam dar alguma expectativa de desequilíbrio. Do outro lado, Paulo Bento colocou o combativo Izmailov sobre a direita do losango – talvez para tirar melhor partido do pé esquerdo do Russo – trocando de lado com Moutinho.

Ora bem, se o duelo se disputava em torno da bola e sua posse, então claramente Jesualdo foi mais feliz no primeiro tempo. Nesse período o FC Porto foi – creio que propositadamente – um dos mais agressivos que me lembro sobre o comando de Jesualdo. Com uma pressão imediata sobre a primeira fase de construção de jogo leonino, os azuis conseguiram perturbar a saída de bola do seu adversário, começando aí a ganhar o ascendente que se pôde verificar em boa parte dos primeiros 45 minutos. Não se pode dizer que tenha sido asfixiante e a verdade é que o domínio portista apenas foi traduzido em oportunidade num livre (mais um!) de Quaresma e em algumas raras transições que o Sporting permitiu. As esperadas dificuldades no jogo interior fizeram-se sentir. Talvez por estar ainda “verde” ofensivamente, o Sporting acusou o pressing portista e errou muitos passes na sua saída de jogo, não conseguindo criar linhas de passe que resolvessem a questão – os avançados raramente tiveram jogo no primeiro tempo. Ainda assim, os leões souberam sofrer, chegando ao meio tempo com o nulo. Conhecendo-se o Sporting de Bento, esperava-se que a conversa no balneário resolvesse muitos dos problemas da equipa e, por isso, ao intervalo parecia que o mais difícil estava conseguido para o Sporting. Ora bem, se o inicio do segundo tempo confirmou precisamente as melhorias do jogo verde e branco, também trouxe a ironia tão própria da modalidade, com o FC Porto a chegar à vantagem na melhor fase do adversário e com Stoijkovic a protagonizar o tal pormenor que tantas vezes se diz poder desequilibrar este tipo de partidas. O Sporting reagiu, mostrou capacidade para encolher o adversário, mas nunca o chegou a assustar em demasia, criando apenas algumas boas situações de finalização.

Terá, enfim, sido um jogo que correspondeu às expectativas com muito equilíbrio, incerteza e... poucas ocasiões de golo. O desfecho, esse, não se pode dizer que tenha sido o único possível, mas a vitória fica melhor ao Porto que soube surpreender o adversário, ainda que num período diferente daquele em que conseguiu a vantagem.

Notas individuais
Meio Campo do Porto: Uma boa parte do sucesso do Porto no jogo deve-se ao seu trio de meio campo. Assunção foi um pilar robusto e consistente e Meireles e Lucho os verdadeiros obreiros de uma vitória que se fez com suor.
Quaresma: Torna-se impossível não o destacar. Mesmo sem inspiração por aí além, a verdade é que a equipa depende de tal forma dos seus desequilíbrios que é sempre a principal figura.
Stoijkovic: A figura do jogo. A sua decisão condicionou o resultado. Substituir um guarda redes experiente e com o nível exibicional de Ricardo nas duas últimas épocas não é fácil. Não creio que a decisão do Dragão lhe retire o benefício da dúvida, mas julgo que deve complementar as suas boas exibições entre os postes com um pouco menos de risco nas suas decisões. É algo que vem repetindo e que pode custar-lhe mais dissabores.

Miguel Veloso: Impressionante como é já o centro do jogo da equipa. Até quando passou para lateral esquerdo continuou a ser a opção principal para a construção. Não fez um jogo sem erros, mas dado o elevado tempo de intervenção deve dizer-se que esteve bastante bem.

Izmailov: É um jogador muito esforçado e combativo, mas ainda necessita de dar algo mais à posse de bola do meio campo e isso fez falta no primeiro tempo.

AddThis