15.4.14

Desequilibradores portugueses na Liga 13/14

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Em ano de Mundial, é normal que se olhe mais às soluções nacionais a jogar no campeonato. No caso do actual momento da Selecção, o exercício tornar-se-ia ainda mais pertinente, tanto devido aos problemas físicos de vários dos jogadores que à partida seriam convocáveis, como à necessidade de encontrar novos valores que no médio prazo possam substituir as principais figuras do actual elenco. Acima, utilizei o tempo verbal "tornar-se-ia", porque a principal conclusão desta análise é, precisamente, que há muito poucas soluções a emergir da principal competição interna. Indo mais concretamente ao exercício proposto, seleccionei os 5 jogadores portugueses de posições mais ofensivas com mais presença ocasiões de golo das respectivas equipas.

Extremos/Alas: Comparativamente com as restantes posições analisadas, é aqui que existe mais aposta em jogadores portugueses, numa posição onde o futebol português é tradicionalmente forte e terá também mais qualidade para oferecer aos seus clubes. No topo surge sem surpresa Varela, que a meu ver continuará a ser a solução mais evidente para a Selecção. Segue-se Rafa, uma das grandes novidades do campeonato, e um dos poucos casos onde se pode perspectivar a possibilidade de um grande futuro. Neste top5, o caso a suscitar maior discussão relativamente a uma inclusão na Selecção será o de Bebé. O seu aproveitamento concretizador recente tem sido muito bom, sendo um jogador ainda jovem e com uma capacidade individual assinalável. Bebé tem a vantagem de poder jogar como extremo ou avançado mais móvel (onde tem, inclusivamente, actuado), mas tem também a enorme desvantagem das suas características serem demasiadamente centradas em acções individuais, o que dificulta a sua inserção num modelo de jogo para competir num patamar qualitativo superior, e onde a capacidade de desequilíbrio individual não fará tanta diferença. Um problema muito semelhante ao de outro extremo que não está presente nesta lista por ter entrado nas contas do campeonato apenas em Janeiro, Ricardo Quaresma. São dois casos que suscitarão grande reconhecimento mediático (sobretudo Quaresma, claro) pela visibilidade das suas principais jogadas, o que levará muita gente a sugerir a sua presença no Brasil.

Avançados: É quase assustadora a falta de aposta em jogadores portugueses para esta posição, sendo que os poucos que têm merecido essa oportunidade têm estado muito longe de se exibirem ao nível que a Selecção exige. Os casos de Eder e Edinho, ambos no Braga, serão aqueles que mais probabilidade terão de estar no Mundial. Edinho é o caso mais interessante, porque conseguiu muitas ocasiões no pouco tempo que lhe foi dado, mas não teve felicidade na concretização, o que valeu a sua dispensa. A meu ver, uma gestão equivocada por parte do clube minhoto e que mais uma evidencia como a eficácia no curto prazo continua a ser francamente sobrestimada no futebol, com Edinho a rumar à Turquia e a viver um período completamente oposto àquele que viveu em Braga. Também no Braga, Eder vinha sendo uma presença mais normal nos eleitos de Paulo Bento antes das lesões que o afectaram. É um jogador de perfil completamente diferente do de Edinho, menos forte na área (e a meu ver com muitas dificuldades em duelos mais físicos), mas com bons movimentos para fora da zona de finalização. O facto é que o rendimento de Eder, mesmo considerando o tempo jogado, foi bastante modesto, destacando-se mais pela capacidade de proporcionar lances de finalização a outros jogadores do que propriamente a chamar a si muitas ocasiões de golo, o que vai de encontro às características que lhe identifiquei. Referência ainda para Tomané, uma das boas revelações do campeonato.

Médios interiores: Esta é outra posição onde não abundam soluções para Paulo Bento. Aqui, porém, há alguns candidatos a emergir do campeonato português, embora me pareça discutível até que ponto oferecerão garantias para a actual exigência da Selecção, numa posição que é nuclear e muito exigente. A especificidade de cada caso, nesta posição, é também maior. Por exemplo, Miguel Rosa e Josué jogaram também como extremos, e André Martins actua também ele numa posição mais ofensiva do que Adrien, o que influencia a probabilidade de cada um destes jogadores conseguirem ser protagonistas nas principais jogadas de golo das respectivas equipas. Aqui, pessoalmente, parece-me que o Josué será o jogador com mais para oferecer à Selecção, tendo mais capacidade criativa do que Adrien e André Martins, por exemplo, e sendo um jogador com boa capacidade de trabalho. Ainda assim, parece-me que precisará ainda de alguma evolução, nomeadamente na capacidade para ter bola no corredor central, mas tem idade e margem de progressão para justificar essa aposta. Adrien, que tem sido o caso mais contestado pela ausência das contas do seleccionador, tem feito uma época muito sólida em termos defensivos, mas sem grande complemento em termos de capacidade de afirmação com bola, o que se reflecte no baixo número de ocasiões criadas em jogo corrido, apesar do elevado número de minutos jogados. O mesmo poder-se-á dizer de André Martins, que tem tido uma época a meu ver algo agridoce, por um lado acumulando muitos minutos de jogo, mas por outro actuando numa posição que não parece ser a ideal para as suas características (e que não existe no actual modelo da Selecção, já agora). No topo desta lista surge Miguel Rosa, a fazer uma temporada notável se considerarmos todas as condicionantes, o que vem evidenciar o potencial do jogador e a péssima gestão que fez da sua carreira, prestando provas no principal campeonato apenas aos 25 anos. Fora desta lista (ainda que não por muito), há ainda o caso de Ruben Micael, com uma época de muitas lesões, poucos minutos e também sem a preponderância que dele se esperava.

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