2.12.13

Rio Ave - Benfica: A volatilidade da eficácia

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A importância da eficácia - O aproveitamento das oportunidades de golo parece-me, cada vez mais, ter um peso desmesurado futebol. Não apenas na sua importância para os resultados, que é óbvia, mas também na influência que tem sobre a opinião que depois é formulada. No caso, o Benfica sai de Vila do Conde com um bom resultado e uma exibição a sugerir controlo e segurança do seu jogo. A pergunta, porém, é que sensação teríamos tido se não fosse o aproveitamento de dois golos em duas ocasiões, em 70' de jogo? Provavelmente, seria algo muito diferente. Uma boa ou má fase em termos de eficácia pode fazer variar quase tudo na época de uma equipa, de um treinador ou de um jogador. O problema é que a eficácia é também o factor mais aleatório, e por isso menos controlável, que existe no futebol.

Variações tácticas - O Benfica entrou decididamente num período errático em termos tácticos. Ora é o 4-4-2, ora é a versão hibrida com Enzo a deixar de ser extremo com bola, ora é o 4-3-3 quer a defender quer a atacar, como vimos na segunda parte. Deixo dois comentários a partir deste jogo: 1) não entendi o porquê de mudar da 1ª para a 2ª parte, quando a equipa havia controlado o jogo e tinha, em particular, retirado um bom proveito do papel mais móvel de Rodrigo. 2) o 4-3-3 tem claramente muito caminho para percorrer em termos de dinâmicas. Em particular pelo papel dos médios, que fazem poucos movimentos sem bola em zonas mais profundas. Assim, se o Benfica fixar os extremos, fica sem jogo entrelinhas, como se viu na segunda parte deste jogo. Se pelo contrário os aproximar do corredor central, fica com pouca capacidade de aproveitamento dos corredores laterais, como se viu em Bruxelas.

Fejsa, Lima e Rodrigo - Sobre o primeiro, Fejsa, apenas para comentar alguma perda de segurança em posse, o que é um aspecto a continuar a acompanhar porque é muito importante para quem joga na sua posição. De todo o modo, continuo a apreciar a sua presença em termos posicionais e capacidade de trabalho.
Lima foi o herói do jogo, confirmando aquilo que fui escrevendo sobre ele aqui no período em que não acertava com a baliza. Pegando no primeiro ponto deste comentário, aqui está um exemplo de como a eficácia pode, de repente, colocar tudo em causa em relação ao valor de um jogador. O que no caso de Lima não só é precipitado (porque a eficácia, repito, não é conclusiva no curto prazo), como é injusto porque mesmo não marcando vinha sendo um jogador importante em termos de assistências (outro dado a meu ver subestimado na análise dos avançados).
Rodrigo fez também um grande jogo. Não apenas pela participação directa nos golos, mas também pelo tipo de movimentos que ofereceu, em especial antes de Jesus o encostar às alas. Foi, a meu ver, o jogador mais influente e desestabilizador nessa primeira parte. Não creio que seja tão valioso quanto Lima em termos de capacidade desequilibradora, mas é um jogador que justifica certamente mais tempo do que aquele que teve até aqui, nomeadamente neste papel de avançado mais móvel, onde apesar de tudo me continua a parecer a melhor solução no plantel. E, depois, é também outro caso onde a eficácia vai e vem, sem que existam grandes explicações para tal...

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