12.12.13

A eliminação do Porto

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Parece-me interessante o paralelismo entre a eliminação do Porto e do Benfica, sobre a qual escrevi ontem. São dois casos que encontram várias semelhanças, tanto na forma como a incerteza se prolongou até ao último jogo, como na importância decisiva dos confrontos directos com a segunda equipa qualificada, num caso o Zenit e no outro o Olympiakos.
As semelhanças, porém, não devem em meu entender estender-se à avaliação qualitativa do que as equipas fizeram nos respectivos trajectos ao longo desta prova. Porque se no caso do Benfica, e pelo escrevi ontem, a eliminação não significa que a equipa tenha tido, globalmente, uma má prestação - muito pelo contrário, se nos distanciamos de uma perspectiva mais resultadista - no caso do Porto, o balanço não pode, de todo, ser o mesmo. O Porto fez apenas 5 pontos, ficando aquém das suas possibilidades em praticamente todos os patamares de avaliação. É verdade que a qualificação, e tal como aconteceu com o Benfica, ficou à distância de um outro pormenor, mas tal só se deve ao facto do Zenit ter tido uma prestação extremamente medíocre, sendo seguramente a equipa que menos justifica uma presença na fase seguinte, entre os 16 apurados.

Falando ainda de Paulo Fonseca, a sua posição fica obviamente fragilizada, sobretudo perante os adeptos. Para além das dificuldades que tem tido em manter a equipa no mesmo patamar qualitativo de épocas recentes - dificuldades que, como já escrevi, não me parecem ter na liderança técnica a principal responsabilidade - Paulo Fonseca confronta-se ainda com o problema da herança e da memória ainda muito presente do que conseguiram Mourinho e Villas Boas, o que eleva sempre a fasquia dos adeptos para um grau de exigência que vai muito para além do sucesso nas provas internas. Assim, aos olhos dos adeptos, Paulo Fonseca tenderá sempre a ser o grande responsável por tudo aquilo que a equipa não conseguiu. Uma carga negativa de que dificilmente se libertará, mesmo que venha a revalidar o título de campeão.

Em relação ao futuro próximo, e tal como escrevi para o Benfica, também me parece que o Porto poderá entrar num ciclo de maior estabilidade exibicional, especialmente após o jogo com o Rio Ave. A meu ver, e mesmo se é claro que poderia e deveria ter feito mais na Champions, o Porto 13/14 não tem potencial suficiente para aspirar a grandes voos europeus (Champions, bem entendido), sendo porém uma equipa perfeitamente à altura das exigências do 'consumo interno'. Veremos se a exclusividade doméstica dos meses que se seguem devolve à equipa o conforto e a confiança que muito claramente perdeu nos últimos tempos.

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