É a primeira novidade para Janeiro, e também o primeiro sinal da mais do que esperada incursão invernal portista a esse mercado. Aqui fica a minha opinião, divida em 3 pontos:
Um jogador especial
O meu prognóstico sobre esta segunda vida de Quaresma no Porto não é propriamente optimista, por motivos que explicarei no ponto seguinte. Ainda assim, começo por dizer que Quaresma é um caso especial e um jogador que ficará sempre na memória de quem o viu como um dos mais espectaculares executantes do futebol mundial. Se o futebol tivesse uma nota artística seguramente que Quaresma não estaria agora na situação em que se encontra. O problema é que no futebol, e por muito que por vezes se faça essa confusão, a arte não é um fim em si mesmo.
O problema da idade
Para quem lê o que escrevo, pode parecer estranho que aborde a idade como um factor negativo. De facto, várias vezes me referi ao que considero ser um preconceito perante jogadores acima dos 30 anos, frequentemente desvalorizados precipitada e erradamente apenas e só pela data que vem no seu bilhete de identidade. Mas, e como em quase tudo, cada caso é um caso...
Resumidamente, o problema que vejo em Quaresma não passa pela resistência (nem para Quaresma, nem para nenhum jogador, porque se não é um problema para um maratonista, custa-me perceber como é que para um futebolista a idade se torna tão rapidamente num problema de resistência, como é repetidamente sugerido nas análises que vejo feitas), ou por outros factores clássicos como a recorrência de lesões. Passa, isso sim, por me parecer um jogador que evoluiu pouco com o tempo, ganhando quase nada em termos de maturidade na tomada de decisão e mantendo-se excessivamente dependente de iniciativas individuais, que paralelamente se tornaram menos eficientes, em parte por não ter a mesma agilidade de outros tempos (este sim, um atributo que se perde rapidamente com a idade e que afecta vários jogadores). Foi essa a ideia com que fiquei dos últimos jogos que vi de Quaresma - e já foram há mais de 2 anos, entre Selecção e Besiktas - e é a partir dessa imagem que, infelizmente, se me levantam muitas dúvidas sobre a capacidade de Quaresma conseguir ser, neste regresso, sequer uma sombra do jogador que deixou o Dragão em 2008.
Mais um sinal de incapacidade da gestão?
Podemos escolher agrupar este regresso de Quaresma em duas categorias diferentes. Uma, comparando-a com casos como Rui Barros, Baía, Domingos, Sérgio Conceição ou mais recentemente Lucho. Ou seja, jogadores emblemáticos do clube que regressam, em parte, para ajudar a equipa, mas também muito pelo estatuto que haviam adquirido na sua anterior passagem. Outra hipótese, é integrá-lo no tipo de aquisições recentes de Liedson ou Izmailov. Ou seja, a procura de uma resposta desportiva imediata num jogador que se conhece sobretudo pelo que fez no passado, mas sobre o qual há muito poucas garantias sobre o que possa valer no presente ou futuro.
Onde definitivamente não podemos incluir a aquisição de Quaresma é no vastíssimo leque de casos que fizeram história no Dragão, e onde desde logo surge a contratação do próprio Quaresma em 2004, mas também outros nomes como Lisandro, James, Hulk, Falcao ou Jackson, só para elencar os mais recentes. Ou seja, jogadores que podem oferecer assistências, golos, vitórias e troféus durante muitos e bons anos. Um tipo de aposta que não é trivial, porque quase todos estes jogadores não eram propriamente valores seguros quando chegaram ao clube, mas que repetidamente foi conseguida com extraordinário acerto, sendo na minha leitura esse o grande alicerce do sucesso continuado que o Porto vem conseguindo ao longo de tantos e tantos anos. Ora, se esse tipo de aposta tem aparentemente perdido preponderância na gestão portista, não é certamente com Quaresma que ela será reavivada.