Convém referir, antes de mais, que o empate é um resultado mais do que satisfatório tendo em conta o valor do adversário e o contexto da eliminatória. Não posso, no entanto, manter o sentimento sabendo que o golo de Tiago teve o efeito de nos fazer entrar a vencer...
Tal como na Polónia, o ambiente foi intenso desde o primeiro minuto, tendo esta intensidade depressa passado para os Sérvios no terreno de jogo. Ao contrário dos Polacos, porém, a Sérvia não convidou Portugal a entrar no seu espaço defensivo. A formação de Clemente tinha como objectivo perturbar a primeira fase de construção de jogo lusa, apresentando um bloco alto e pressionante. Como a linha defensiva Sérvia não fazia um fora de jogo muito alto, criava-se um espaço entre linhas que se poderia ter constituido no “El Dorado” do jogo Português do primeiro tempo. É aqui que reside o problema da Selecção naquele período e que lhe haveria de custar o empate, tal o assédio a que foi sujeita: a posse de bola portuguesa nunca encontrou fluidez e segurança para ultrapassar a barreira pressionante do adversário, precipitando-se frequentemente com bolas bombeadas a que a linha da frente raramente conseguiu dar sequência. Assim o espaço entre linhas nunca foi aproveitado e as investidas Sérvias sucederam-se até ao empate. Fez falta Deco – é um mestre a “queimar linhas” no seu jogo de apoios em progressão – mas curiosamente penso ter sido posto a nu o problema que levantei esta semana: a substituição do trio de meio-campo Costinha-Maniche-Deco.
O erro de Scolari residiu, na minha opinião, em colocar Moutinho na posição 10, em vez de Tiago. Moutinho é um jogador muito mais de construção do que de criação. Precisa de ter a bola em quase todas acções ofensivas, de a vir buscar “à fonte” e não de criar linhas de passe no espaço próximo do ponta-de-lança – tal como aconteceu. Estou certo que com Moutinho a participar na construção teríamos tido mais qualidade naquele período do primeiro tempo e que é também por aqui que se explica a menor produção do 28 na partida.
Naturalmente que o ritmo dos Sérvios não poderia durar 90 minutos, mas aquele período foi suficiente para nos roubar uma vitória que, com “o outro meio-campo” estou certo não fugiria!