Tenho a felicidade de não ter vivido nesse tempo mas não me parece difícil ver a diferença das realidades. Não vou falar de fome, pobreza ou do culto da ignorância. Vou falar de atitude e, como não podia deixar de ser, de futebol!
Cresci a ver o meu país cheio de heróis para consumo interno. Gente capaz mas com o talento assombrado por um atrofiante complexo de inferioridade na hora de rivalizar com povos estranhos. Na Selecção foi assim durante praticamente 60 anos e as excepções de 66 e 84 servem apenas para confirmar uma regra que me parece inequívoca.
Com Queiroz pode ter vindo o 25 de Abril do futebol nacional, mas aos meus olhos há muito mais do que o meritório trabalho do professor: um fenómeno cultural que por ser geracional demora tempo a enraizar-se mas que parece ter finalmente chegado para ficar. Ao talento juntou-se o carácter e a vontade de vencer... seja onde for, contra quem for! Apareceram os “Coutos”, “Sousas”, “Costas” e “Figos” que derrubaram os primeiros fantasmas com as provas dadas além fronteiras. Agora temos mais gente talentosa e com uma força interior que às vezes parece insuperável.
Se custa a perceber, olhem para o Mourinho quando se afirma orgulhosamente Português perante os olhares do mundo... Para a expressão do Cristiano Ronaldo antes de marcar o penalti que elimina a Inglaterra – foi aquela confiança que fez o golo, antes mesmo de o ser!
Esta foi para mim a mais importante recompensa que a liberdade nos deu até hoje e é também nela que procuro inspiração. Perdoem-me o desabafo, mas mais do que uma opinião é uma convicção!
Esta foi para mim a mais importante recompensa que a liberdade nos deu até hoje e é também nela que procuro inspiração. Perdoem-me o desabafo, mas mais do que uma opinião é uma convicção!