18.2.14

Varela, o extremo mais produtivo da "era Quaresma"

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Não foi a mais interessante das jornadas, no que aos jogos dos "3 grandes" diz respeito. Entre o insosso aperitivo para uma semana onde regressam as competições europeias - com alguns pratos fortes, já nesta fase - houve, no entanto, um jogador que se destacou em termos individuais: Silvestre Varela.

Na realidade, Varela tem conseguido aumentar a sua produtividade nos últimos jogos, num período onde o grande destaque foi o regresso de outro extremo, Ricardo Quaresma. Se olharmos ao rendimento dos extremos portistas desde o jogo na Luz - em que Quaresma se estreou - fica em evidência o bom desempenho das duas unidades que já estavam presentes no plantel, Varela e Licá. Varela, conseguiu 4 golos neste período, sendo que anteriormente tinha apontado apenas 1, juntando a este registo uma assinalável presença nos principais desequilíbrios da equipa, nomeadamente como finalizador. O caso de Licá é menos relevante, devido ao pouco tempo de utilização, mas também o ex-Estoril pareceu mais inspirado neste período, nomeadamente aproveitando bem as ocasiões em que entrou a partir do banco. Quanto a Quaresma, sobre quem estão depositadas maiores expectativas para a segunda metada de época, não se pode dizer que esteja a desiludir no que respeita à participação directa nos golos da equipa, tendo já apontado 2 e assistido mais 1. Ainda assim, o registo do camisola 7 está longe de ser diferenciador em relação às restantes soluções do plantel - particularmente Varela - sendo que esse é precisamente o objectivo deste seu regresso.

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14.2.14

Benfica - Sporting (III): principais desequilíbrios

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Termino a análise ao derbi com a revisão de algumas das principais jogadas. Aqui ficam algumas notas dos 5 lances seleccionados no vídeo:

1- O lance do primeiro golo até começa com um bom condicionamento defensivo do Sporting sobre a construção do Benfica (ou, pelo menos melhor do que aconteceu na maior parte do jogo), criando boas condições para controlar o lance, coisa que efectivamente acontece. Sucede que, para além do que se passou na fase de construção de ambos os lados, houve também uma grande diferença relativamente à resposta das equipas no momento de transição. Esse é o primeiro ponto a focar neste lance, com Adrien a ceder perante a pressão de Fejsa. Depois, nota para a infelicidade de Piris, que escorrega, e para alguma passividade de Heldon, contrastante com a intensidade de Maxi, muito mais agressivo e reactivo neste tipo de acções. No centro da área, o foco final está em Cedric. É verdade que poderia ter sido mais prudente na fase em que o lance ainda está algo indefinido, mas em defesa do jogador pode também argumentar-se que o rápido desdobramento dos laterais é uma das características mais marcantes do futebol do Sporting, e que isso implica sempre algum risco. Seja como for, é o facto de estar demasiado aberto que determina a impossibilidade de ganhar o espaço interior, sobre Gaitan, e não a ausência de reacção ou de noção sobre o espaço a ocupar. Aliás, e de novo em defesa do jogador, é de registar que com alguma frequência foi protagonista de intercepções interiores em lances semelhantes a este, mas que aconteceram sem a mesma velocidade.

2 - O desequilíbrio provocado pelo passe de Garay para Gaitan encontra explicação, sobretudo, no mérito dos dois protagonistas. Excelente o passe, não menos notável a recepção. Ainda assim, a jogada põe em evidência um dos problemas da dificuldade do condicionamento pressionante do Sporting, que permitiu quase sempre a liberdade de um jogador na frente da sua linha média, frequentemente com condições para expor as costas da linha defensiva. É verdade que, à excepção deste lance, há pouco a registar em termos de perigo proveniente desse problema, mas o risco esteve presente em várias ocasiões. Nota ainda para Piris que, perante a eminência do passe e ausência de pressão sobre o portador da bola (Garay), deveria ter cortado mais rapidamente a profundidade, abdicando de manter a coerência posicional com a última linha. Ou, pelo menos, esse é o comportamento que me parece mais lógico nesta situação, sendo que é uma situação obviamente discutível e cada equipa/treinador tem a liberdade de definir o que pretende, de acordo com as suas ideias.

3 - O terceiro lance, que culmina com o brilhante passe de Markovic a isolar Rodrigo, inicia-se numa decisão questionável de Adrien, próximo da área do Benfica e na sequência de um ataque rápido do Sporting. A solução evidente seria o passe para Montero, o que potenciaria muito o perigo da jogada, parecendo possível que o médio do Sporting o tivesse tentado fazer, apesar do bom condicionamento de Gaitan, que faz a pressão no sentido correcto, precisamente condicionando o passe interior (nota, de novo, para o sentido táctico e capacidade de trabalho de Gaitan, o tal aspecto que durante muito tempo não foi devidamente reconhecido ao jogador). Num segundo momento, e mais uma vez, alguma dúvida quanto à agressividade dos jogadores do Sporting na reacção à perda, nomeadamente Montero - se há situação em que faz sentido arriscar a falta é esta. Mais à frente, o crédito do desequilíbrio volta a ser justificado, quase que por inteiro, pelos intervenientes do Benfica, agora Markovic e Rodrigo. Rodrigo, porque depois de abrir a linha de passe volta a procurar o corredor central, o que em princípio oferece maior potencial à jogada, sendo depois muito rápido a perceber e atacar o espaço nas costas da linha defensiva. Markovic, pela qualidade evidente do passe. Do ponto de vista do Sporting, não era trivial fazer melhor, mas pode questionar-se tanto a reacção de Piris, que perde o posicionamento interior, como a pressão de Dier, que apesar de se aproximar de Markovic, acaba por não evitar o que pretendia, precisamente o passe de rotura.

4 - Na minha opinião, o principal sublinhado do lance, que termina com a finalização de Rodrigo após o drible interior sobre Piris, vai para a forma como o Benfica se desdobra rapidamente, tanto defensivamente, como ofensivamente. Primeiro, tem uma boa presença na sua área, após um ataque rápido do Sporting. Depois, faz a bola transitar a toda profundidade do campo, acabando por ter, igualmente, boa presença numérica na área do Sporting. Pelo meio, claro, um aspecto decisivo no jogo e que fugiu, durante 90 minutos, ao controlo dos médios do Sporting: o transporte de bola de Enzo Perez. Quanto ao desequilíbrio final da jogada, novamente mérito para Rodrigo, que aproveita a ausência de cobertura no espaço inteiror. Do ponto de vista do Sporting, exigia-se maior proximidade de um médio naquela zona, mas a velocidade do lance atrasa a recuperação de Adrien, e a densidade de jogadores do Benfica na área, atrai Dier para uma zona mais central.

5 - A primeira nota sobre o lance final - que contempla duas situações sucessivas e termina com o segundo golo - vai para a organização defensiva do Sporting nesta fase do jogo. Foi uma situação que durou pouco tempo, entre a entrada de Magrão e o segundo golo do Benfica, tendo havido uma rectificação após esse momento, numa conversa entre Jardim e Dier focada pela transmissão televisiva (e que teve até, aparentemente, alguma discórdia entre os dois). O facto é que neste período, o Sporting pareceu jogar com 3 centrais, baixando Dier e colocando Magrão sobre o corredor esquerdo. Fica a dúvida, até pela tal conversa entre o treinador e central, sobre qual a intenção para esta fase do jogo, mas talvez a ideia fosse jogar com 3 defesas, projectando ofensivamente os laterais. Seja como for, claramente a equipa não estava devidamente preparada para o fazer, tal como revela o primeiro desequilíbrio na jogada. Havendo maior presença na última linha, parece existir também maior liberdade para os centrais saírem da sua zona, resultando no paradoxo de ser precisamente quando tem mais unidade nesse sector que o Sporting mais se expõe na zona central da sua última linha. A explicação está no facto de Dier e Rojo se permitirem abandonar, em simultâneo a sua posição.
Posteriormente, a nota principal vai, de novo, para aquilo que acontece no momento de transição defesa-ataque do Sporting, com a bola a ser perdida para a reacção à perda do Benfica. A meu ver, mais censurável a decisão de Magrão, que fecha o jogo na linha, uma zona onde o Benfica estava perfeitamente preparado para reagir. Na sequência, o passe interior de Rojo também parece uma decisão questionável, culminando numa perda de bola que determina o desequilíbrio que a seguir se gera, nomeadamente pela desorganização da defensiva do Sporting, criando uma situação de 1x1 que Dier teria muitas dificuldades em controlar (em parte devido ao contraste entre as suas características e as de Enzo Perez). Note-se que os dois golos surgem em situações em que a defesa do Sporting está momentaneamente desorganizada, após a equipa ter perdido a bola na transição defesa-ataque.

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13.2.14

Benfica - Sporting (II): Estatística e análise individual

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Benfica
Oblak - Sem erros nem reparos, mas também praticamente sem trabalho relevante, o que faz desta uma exibição positiva, mas igualmente sem grande relevância. Para já, porém, e mesmo com o erro cometido em Barcelos, a prestação de Oblak tem sido muito mais positiva do que a de Artur, sofrendo 1 golo em 4 ocasiões enquadradas com a baliza (25%), em cerca de 650 minutos, o que contrasta com os 22 golos em 29 ocasiões enquadradas com a baliza (76%), de Artur. Note-se, porém, que o péssimo registo de Artur não faz de Oblak um óptimo guarda-redes, e que só com mais tempo se poderá fazer uma análise verdadeiramente justa ao rendimento do jovem esloveno. Agora, parece-me factual que o Benfica tem contado com um contributo muito mais útil do seu guarda-redes, desde que a sua baliza trocou de dono.

Maxi - Sem dúvida, um dos principais destaques da partida, pela positiva. É verdade que Heldon lhe causou alguns problemas na segunda parte mas, no cômputo geral, foi Maxi quem dominou claramente os duelos no seu corredor. Em especial destaque, a sua agressividade e presença pressionante após a perda da bola, o que valeu várias recuperações valiosas, e, claro, o contributo ofensivo, estando presente na assistência para o primeiro golo e na jogada que antecede o segundo.

Siqueira - Beneficiou claramente da presença de um extremo menos agressivo no seu corredor, acabando por ser das unidades mais discretas da equipa, também porque não participou em qualquer lance de maior relevo, em termos ofensivos. Ainda assim, isso não quer dizer que tenha tido uma má prestação, muito pelo contrário. Apesar da discrição, travou e venceu vários duelos, sendo igualmente uma presença positiva na fase de construção.

Luisão - Muito em foco, numa série de intercepções vistosas e importantes em cruzamentos a partir do corredor esquerdo do Sporting. Este é o principal destaque de um jogo que foi, globalmente, positivo e praticamente sem reparos a fazer.

Garay - Em termos defensivos foi mais discreto do que Luisão, mas isso não quer dizer que tenha estado menos bem. Pelo contrário, Garay venceu até mais duelos do que o seu companheiro de sector, protagonizando mais uma exibição muito positiva neste plano. Com bola, aí sim, houve uma grande diferença de protagonismo em relação a Luisão, com a equipa a procurar muito mais a boa capacidade de passe do argentino. Garay respondeu à altura, com eficácia, segurança e ainda um grande passe que isolou Gaitan, na primeira parte.

Fejsa - A competência da sua exibição não pode constituir surpresa ou novidade, porque já havia dado o mesmo tipo de sinais em alguns jogos importantes. Tem uma grande capacidade de trabalho, o que ofereceu à equipa várias recuperações de bola importantes, com destaque para o momento de transição ataque-defesa, onde conseguiu 10 intercepções/desarmes. Com bola, assumiu o seu papel na primeira linha de construção, o que lhe oferece grande protagonismo e lhe valeu o estatuto de jogador com mais passes completados no jogo, com realce para a elevada % de acerto. O maior reparo, vai para uma perda de bola, na primeira parte, sendo que a segurança em posse será sempre a maior ameaça à qualidade do seu contributo.

Enzo Perez - A unidade chave do jogo, pelo golo que marcou, claro, mas também pelos problemas que causou à linha média do Sporting, que nunca lidou bem com a sua presença - ainda que isolada - à frente da primeira linha de construção. É, provavelmente, dos jogadores mais difíceis de substituir no modelo de Jesus, porque jogando tão isolado (pelo "baixar" de Fejsa), é necessário não só qualidade de passe, mas sobretudo uma notável capacidade de envolvência e transporte de bola. Ora, estas são, precisamente, as principais virtudes de Enzo, para além da entrega que tanto galvaniza os adeptos.

Gaitan - Novamente com um jogo muito competente e onde, até, nem foi especialmente bem sucedido em termos criativos. Para compensar, apareceu muito bem na área, marcando um golo e estando perto de fazer outro. Defensivamente, ofereceu a capacidade de trabalho/sentido táctico que lhe é habitual - um aspecto onde foi durante muito tempo subvalorizado, mas que vem conseguindo maior justiça no reconhecimento que lhe é dado externamente. Diria, mais vale tarde do que nunca!

Markovic - É verdade que defensivamente tem evoluído bastante, mas haverá ainda muito para evoluir em Markovic, para que este consiga potenciar verdadeiramente as suas características. Particularmente, continua a não perceber bem o que fazer com as suas acelerações interiores, perdendo algumas oportunidades de criar maior dano apenas e só pelo critério decisional. Tem tempo e talento, mas para já ainda não a unidade chave que um dia poderá ser. Em maior destaque na sua exibição, claro, o passe que isolou Rodrigo.

 Rodrigo - Fez, desta vez, um jogo mais oscilante do que lhe vem sendo habitual, no seu envolvimento colectivo, em particular com maior inconstância ao nível da eficácia e decisão. Ainda assim, foi outra vez o jogador que mais ocasiões de golo conseguiu chamar a si. No inicio da época também foi assim, com muitas ocasiões e poucos golos, e por isso foi criticado e afastado do onze. Hoje, e à luz daquilo que foi a época do jogador, terei menos dificuldade em explicar que o facto de Rodrigo ter muitas ocasiões de golo é, em si mesmo, um bom indicador para o futuro.

Lima - Em sentido contrário de Rodrigo, Lima vem dando alguns sinais a meu ver preocupantes. Num jogo com este volume de ocasiões, não pode deixar de se notar que Lima não tenha sido protagonista em nenhum desse lances de maior potencial ofensivo. E, isto sim, parece-me justificar alguma apreensão. Como nota positiva, o seu envolvimento do lado direito do ataque, em especial na primeira parte.

Sporting
Rui Patrício - Não foi um herói, nem fez sequer uma exibição excepcional, mas foi provavelmente o melhor da sua equipa, nomeadamente com 2 intervenções decisivas. Como nota negativa, a precipitação da primeira parte, com um pontapé que bateu em Lima e que podia ter custado mais caro.

Cedric - Começou o jogo com um erro, mas esse foi o seu pior momento no jogo. Chamará a si algumas criticas no lance do primeiro golo, mas foi a velocidade do lance que o impossibilitou de se reposicionar a tempo. Aliás, Cedric conseguiu até algumas intercepções interiores de grande valor. Foi, de resto, dos jogadores mais accionados da equipa, quer defensivamente, quer ofensivamente, estando melhor a defender do que a atacar. Neste último ponto, nota para o número elevado de passes errados ao longo do seu corredor, sendo que sentiu, claramente, a ausência das habituais diagonais de André Martins.

Piris - Muitas dificuldades no jogo. Defensivamente, cometeu alguns erros importantes e teve também algum azar (como foi o caso do lance do primeiro golo). Ofensivamente, não conseguiu dar profundidade ao corredor, nem tão pouco ligar o jogo pelo seu flanco. Problemas que eram previsíveis no inicio do jogo. Depois de alguns jogos bem conseguidos, repete uma exibição com muitas dificuldades, tal como acontecera em Arouca.

Maurício - Não há muito a apontar-lhe, tendo sido novamente das unidades mais regulares da equipa. Aliás, em termos defensivos foi até bastante dominador nos duelos que travou - foi o jogador com mais acções defensivas no jogo. Em posse, foi igualmente a unidade de maior acerto percentual, contrastando com os restantes elementos da fase de construção. Principal reparo para uma perda de risco - rara nele - na segunda parte.

Rojo - Vinha conseguindo jogos muito bons, mas desta vez não repetiu a nota positiva. Em particular, sentiu muitas dificuldades sempre que teve de sair da sua zona. Com bola, também não esteve muito regular, acabando por perder a bola no lance do segundo golo.

Dier - As virtudes e os defeitos da sua exibição decorrem daquilo que vem mostrando desde o inicio da época - com excepção para alguns aspectos posicionais, compreensíveis pela inadaptação à posição. Ou seja, boa presença em situações de maior contacto físico, com destaque para o jogo aéreo. Por outro lado, dificuldades perante acções a exigir mais agilidade (como o caso do segundo golo) e critério questionável com bola. Este último ponto é, a meu ver, o mais grave em Dier, porque o problema repete-se praticamente em todos jogos em que actua, perdendo bolas em zonas de elevado risco e com uma frequência superior a qualquer outro jogador da equipa.

Adrien - Voltou a oferecer muito pouco em termos de presença em posse à equipa, desta vez num jogo em que claramente era preciso alguém que o fizesse. É verdade que a equipa pede-lhe que não se envolva tanto na fase de construção, em particular para que esteja mais disponível para um segundo momento ofensivo. Mas também é um facto que, para uma equipa como o Sporting, o contributo de Adrien é pouco mais do que medíocre em termos de envolvimento em posse - e não apenas por este jogo. Em destaque, as dificuldades no momento de transição defesa-ataque, onde perdeu 8 das 10 bolas que teve ao seu dispor, uma das quais acabaria por resultar no primeiro golo. Em termos defensivos, o outro lado da sua temporada, não há nada a apontar-lhe.

André Martins - A meu ver não tem características para jogar na ala, embora o possa fazer pontualmente, claro. Lutou e conseguiu até várias acções bem sucedidas, mas isso acabou por valer muito pouco à equipa, em particular porque se perdeu profundidade no seu corredor, e porque poderá também ter feito alguma falta em termos de acção pressionante na primeira linha.

Heldon - Objectivamente, as suas acções conseguiram muito pouca eficácia, completando apenas um dos vários cruzamentos que tirou e finalizando ele próprio uma outra jogada. Ainda assim, foi o jogador que mais agitação conseguiu provocar, sempre através de iniciativas individuais, o que vem trazer alguma água na boca aos adeptos. É bem possível, como já escrevi, que seja um bom reforço a este nível. Em termos defensivos, foi muito pouco intenso perante Maxi e provavelmente Jardim terá de trabalhar com ele a este nível.

Montero - O maior destaque positivo da sua exibição, são os 4 cortes em situações de bola parada defensiva, e isso diz praticamente tudo relativamente ao que não conseguiu fazer nos restantes capítulos do jogo. Pessoalmente, parece-me que tem pouca intensidade para jogar noutra posição que não seja como principal avançado.

Slimani - Completamente gorada a aposta que nele foi feita. Porque a equipa não chegou à zona de finalização, e porque ele próprio não conseguiu ser tão eficaz como se esperava nas primeiras bolas aéreas.

Capel - Se faltou um extremo de raiz ao Sporting, durante muito tempo no corredor direito, Capel teve oportunidade de provar, durante 30 minutos, que talvez esse não tenha sido um aspecto assim tão decisivo. Isto, apesar da entrega que sempre leva com ele.

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12.2.14

Benfica - Sporting (I): notas colectivas

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Conto, nos próximos dias, apresentar novas análises ao jogo, nomeadamente com os dados estatísticos, opiniões sobre exibições individuais e uma revisão de alguns aspectos tácticos do jogo (vídeo). Não me sendo possível apresentar já essas análises mais detalhadas, deixo umas primeiras notas de opinião sobre as duas equipas.

Benfica - Foi mais um bom jogo do Benfica, provavelmente dos mais bem conseguidos desta temporada, e com um resultado que, sendo bom, peca por escasso. Muito do que se passou no derby, e da enorme diferença de rendimento entre as equipas, será abordado a partir do demérito do Sporting, porque é normalmente assim que acontece e porque neste caso foi Jardim quem mais mexeu. Na minha leitura, porém, a incapacidade do Sporting deve-se, em primeira instância, à qualidade do Benfica. Distingo, aqui, alguns pontos a este respeito: 1) a fase de construção, decisiva na definição do enorme domínio que o Benfica teve, com evidência para o papel dos centrais e para a capacidade de transporte e envolvimento de Enzo Perez. 2) a intensidade e agressividade nos duelos, muito em especial na reacção à perda, várias vezes o ponto de partida para acções de ataque-rápido de grande potencial. 3) a mobilidade ofensiva, porque mesmo garantido o domínio pelos dois pontos anteriores, só é possível aproximar-se com tanta frequência do golo se essa qualidade existir. Invariavelmente, o foco das discussões vai para as opções tácticas, mas é quase sempre na eficácia da interpretação das ideias que se define a validade das mesmas. Por isso é que é mais fácil ter melhores ideias com melhores jogadores, e por isso também é que as opções tácticas de Jesus prevaleceram neste derbi.
Havia escrito aqui, após o final do ciclo-Champions, que previsivelmente o Benfica melhoraria neste período. Não era um dado adquirido, claro, mas antes uma probabilidade que deriva do que se viu nas épocas anteriores do Benfica de Jesus. O Benfica melhorou e chegou à liderança, sempre com o 4-4-2, por quase todos diabolizado. A meu ver - e como fui escrevendo - foi a melhor opção, e se muitas vezes vejo treinadores a ceder a análises pouco consistentes que se generalizam externamente, este é um episódio que reforça o meu apreço por Jesus. Enfim, o Benfica partirá, em breve, para um novo ciclo da temporada, numa posição muito favorável - novamente! - para ser campeão. O problema não é tanto a sobrecarga de jogos, até porque não tenho dúvidas de que a Liga Europa será relegada para segundo-plano. O problema são os 3 jogos com o Porto, onde a tentação de queimar energias é maior e onde se poderá perder o foco relativamente à competição principal. Foi sempre quando as prioridades entre competições ficaram menos definidas que o Benfica de Jesus perdeu pontos decisivos na corrida ao título. Veremos o que sucede desta vez...

Sporting - A leitura que fiz sobre a estratégia de Jardim confirmou-se em pleno, com Martins à direita e Montero ao meio, e isso poupa-me algum texto para explicar o porquê de ser expectável que fosse assim que o treinador iria dispor as suas peças, e o que poderia ganhar e perder com essa opção. A má notícia para o Sporting é que, na prática, pouco ganhou, acabando praticamente por só perder com a estratégia escolhida. Porque, mesmo com Slimani como referência, teve pouca eficácia na construção longa. Porque raramente conseguiu potenciar o 2x2 com os centrais do Benfica (através da colocação de uma unidade mais central, Montero, e próxima do avançado). Porque o seu jogo exterior ficou completamente descaracterizado, sendo que tal como havia escrito na antevisão, sentiu-se muito impacto que tiveram na fase de construção, a perda de um o pé canhoto para a habitual ligação do jogo ao longo do corredor esquerdo (uma solução que, recorde-se, causou muitos problemas ao Benfica no jogo da primeira volta), e também a perda da mobilidade de André Martins sobre o corredor direito, nomeadamente nos movimentos em profundidade, nas costas do extremo. Por fim, e como se não bastasse, também porque não teve William, com Dier a confirmar outro ponto abordado na antevisão: o péssimo critério que vem mantendo com a bola nos pés.
Num outro capítulo, que eu não abordei na antevisão mas que teve forte impacto no jogo e que foi referido pelo próprio Jardim após a partida, o Sporting poderá também ter perdido qualidade na presença pressionante da sua primeira linha, nomeadamente por ter retirado André Martins dessa zona. Não é certo que tenha sido decisivo, porque o Benfica esteve realmente muito bem em construção, mas parece-me - e aqui sim, à posteriori - que poderá ter feito falta um elemento de maior intensidade/agressividade nessa zona, como é André Martins. 

Jardim deu-se mal, é certo, e muitas das suas opções são questionáveis porque muitos dos problemas da sua estratégia eram previsíveis. No entanto, devo fazer duas ressalvas em favor do treinador do Sporting - ou, melhor, em desfavor de muitos dos seus críticos!: 1) o onze era conhecido desde domingo, mas poucos foram aqueles que anteciparam os problemas desta aposta. Aliás, foram bem mais os elogios ao arrojo do treinador, por este incluir 2 avançados de inicio neste jogo. 2) Como esclareceu o próprio treinador, não houve mudança de sistema com estas alterações. Falar de uma mudança de 4-4-2 para 4-3-3 só é possível para quem não conheça a forma de jogar do Sporting. Jardim mudou características individuais, e forçosamente algumas intenções colectivas, mas não mudou o sistema!

Esta é uma derrota, por todos os motivos, muito penalizadora para o estado de ânimo do Sporting. Num dérbi, numa exibição que deixa a ideia de impotência e numa situação em que a possibilidade da liderança se transforma, de repente, num terceiro lugar. Mas, não faço qualquer "lapalissada" com o calendário quando digo que a época do Sporting não acaba aqui. Faltam jogos e pontos suficientes para que o título, estando obviamente muito mais complicado, esteja longe de ser uma mera hipótese matemática. É claro que me parece que o Sporting tem entrado em alguns equívocos, que não vêm apenas deste jogo, mas de toda uma ideia em torno dos planos A e B, que foi marcando os últimos jogos. Na minha opinião, o Sporting deverá partir sempre da sua identidade e dos seus pontos fortes, que foram afinal o alicerce do sucesso vivido durante grande parte da época. O sucesso do plano B, aplicado sempre em períodos curtos e específicos dos jogos, trouxe pontos importantes, é certo, mas trouxe também aquilo que na minha leitura é a ilusão de um caminho que, sendo possível, será sempre mais longo e de menor probabilidade de sucesso. O Sporting tem deixado de apostar numa evolução a partir dos pontos fortes, em favor de uma ideia de jogo que se encontra num ponto necessariamente bem menos avançado, tendo por isso muito menos qualidade. Essa parece ser a tentação de Jardim, com a aprovação de grande parte dos adeptos e comunicação social, mas pessoalmente tenho muitas dúvidas de que seja por aí o melhor caminho...

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10.2.14

O "onze" de Leonardo Jardim

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O adiamento do derby terá poucos pontos positivos, mas oferece-nos pelo menos a possibilidade de comentar as opções iniciais dos treinadores antes do apito inicial, o que é sempre um exercício mais interessante do que fazê-lo depois do jogo. Aqui, obviamente, há uma enorme diferença entre as duas equipas, contrastando a previsibilidade das opções de Jesus com a pequena revolução que Leonardo Jardim encetou no seu onze. A primeira ideia passa por uma aposta num jogo mais directo, por parte do treinador madeirense, com Slimani como referência aérea. Mas há, na minha opinião, outras questões a levantar em torno das implicações de algumas opções, nomeadamente no que respeita ao jogo exterior. Aqui ficam algumas notas sobre as opções de Jardim, salvaguardando que este cenário poderá, agora, ser alterado antes do inicio do jogo.

Onde vão jogar Montero e Martins? - A primeira ideia sugere que a única alteração no meio-campo de Jardim é a substituição directa de William por Dier. Mas será mesmo assim? Na minha leitura, não. Olhando para o passado, sempre que Jardim utilizou, em simultâneo, Slimani, Montero e Martins, foi sempre o médio português a derivar para uma posição mais lateral. No mesmo sentido, não é a primeira vez que Jardim recorre a um ala de características mais interiores (aliás, foi essa a sua primeira opção na pré-época, com Magrão ou o próprio Martins), nem tão pouco a primeira vez que encosta André Martins a uma das linhas. Mas seria, isso sim, a primeira vez que utilizaria Montero numa posição mais exterior...

Construção mais directa, com Slimani 
Este tipo de jogos apresentam problemas obviamente diferentes para o Sporting, em relação à generalidade dos outros opositores internos. Em particular, ao nível da fase de construção, sendo muito mais difícil (e arriscado) ter bola. A opção passa, recorrentemente, por construir de forma mais directa, usando uma referência frontal que faça o jogo "saltar" o risco da primeira fase de construção. No jogo para a Taça, foi o Benfica quem melhor proveito tirou desta alternativa, com Cardozo a ter um desempenho muito forte nesse plano, em contraste com as maiores dificuldades de Montero. Desta vez, os papeis podem-se inverter, com Jardim a apostar em Slimani e, a meu ver, a pensar muito naquilo que o argelino pode oferecer em termos de soluções para uma construção mais longa.

Desvirtuar das dinâmicas dos corredores laterais?
A grande interrogação, na minha leitura, sobre aquilo que implicam as opções de Jardim tem a ver com a capacidade do jogo exterior, habitualmente o ponto mais forte do futebol leonino. Ora vejamos, assumindo que Martins joga sobre a direita e Montero ao meio, o Sporting colocará mais foco no corredor central, com Martins a oferecer mais capacidade no jogo interior do que a generalidade dos extremos da equipa, e com Montero a permitir uma presença mais constante no espaço entrelinhas e, sobretudo, a potenciar mais duelos directos, 2x2, com os centrais (provavelmente jogando muito a partir da segunda-bola). Esta parece-me ser a intenção de Jardim, mas há um outro lado para esta opção. Desde logo, o Sporting perderá um dos movimentos mais eficazes da sua fase de construção, que contempla o baixar do extremo-direito e a entrada de Martins, em diagonal, no espaço aberto nas suas costas. Para além disso, perderá profundidade com Martins como extremo, e perderá também o apoio que o próprio Martins oferece habitualmente ao extremo quando joga como médio, sendo expectável que Montero se fixe mais sobre o corredor central.
Do outro lado, à esquerda, também há muitas limitações em relação à dinâmica habitual. Mesmo que Piris protagonize bem os movimentos de profundidade - habitualmente muito fortes, com Jefferson - dificilmente conseguirá os mesmos timings de execução, uma vez que o seu pé preferencial é o direito. Aliás, com Piris e Heldon, o Sporting não tem nenhum canhoto no seu corredor esquerdo. Finalmente, e tal como acontece à direita, a utilização da dupla Slimani-Montero, sugere menor presença em apoio sobre os corredores laterais, sendo possivelmente Adrien o maior suporte a vir do corredor central, não se esperando porém que possa surgir daí grande alternativa em termos de profundidade, ja que Adrien tem uma missão de bastantes exigências em termos posicionais.

Dier - Não surpreende a opção por Dier - embora talvez surpreenda que Vitor tivesse sido relegado para a bancada. Jardim manterá uma boa presença no jogo aéreo, o que será provavelmente importante neste jogo, já que o Benfica facilmente recorrerá a uma construção mais longa. Em termos defensivos, também creio que a equipa passar sem se ressentir muito, sendo um jogador fisicamente com virtudes e defeitos semelhantes às de William. O risco, neste capítulo, estará mais no posicionamento, tendo em conta a pouca habituação do jogador à posição. A grande diferença surgirá, claro, quando a equipa tiver a bola. A vantagem para Dier reside no facto de, previsivelmente, Jardim não lhe exigir muito neste plano, com a entrada de Slimani a sugerir uma aposta mais declarada na construção longa. Ainda assim, é importante que o inglês conserve grande lucidez no seu critério com bola, um capítulo em que revelou alguma irregularidade quando foi utilizado como central e que num jogo desta natureza poderá ser um factor decisivo, sabendo-se do condicionamento que o Benfica habitualmente faz no seu pressing mais alto e, claro, na capacidade que os seus jogadores terão para "punir" eventuais perdas em zonas de risco. Em suma, diria que é perfeitamente possível que o Sporting não se ressinta da ausência de William, mas que para tal aconteça é preciso que exista uma resposta colectiva, e não apenas individual, à ausência do médio.

Heldon - Estive para escrever sobre ele na semana que passou, mas acabei por não o fazer. Não é um jogador que tenha alguma vez observado com grande detalhe, e por isso tenho ainda algumas dúvidas sobre alguns aspectos. Ainda assim, sei o suficiente para afirmar que o Sporting contratou aquele que é, fora dos "grandes", a individualidade de maior destaque em termos ofensivos da primeira metade da época. Não apenas pelos golos que marcou - onde se incluem penáltis - mas também pela capacidade de, em jogo corrido, desequilibrar e aproximar a sua equipa do golo. É verdade que foi apenas meia época e que nos outros anos não conseguira o mesmo protagonismo, mas é incontornável que o seu rendimento foi extraordinário. Em particular, destaca-se o seu sentido de baliza, tanto na capacidade de aparecer em zonas de finalização como na qualidade de execução (é provável, inclusivamente, que seja protagonista nas bolas paradas). A minha maior dúvida reside na sua capacidade de envolvimento em fases mais precoces do jogo, nomeadamente ao nível da decisão/percepção em zonas mais distantes da área adversária.

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5.2.14

Man City - Chelsea: o duplo-pivot de Mourinho

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É uma semana rica em jogos de elevado interesse e, provavelmente, voltarei mais tarde com a opinião sobre algumas dessas partidas. Para já, a semana começou com o muito aguardado Man City-Chelsea, que redundou numa importante vitória da equipa de Mourinho. Não é a primeira vez que destaco a qualidade da organização defensiva da equipa de Mourinho, comparativamente com as restantes formações da Premier League, sendo interessante perceber os motivos que, do ponto de vista táctico, podem explicar essas diferenças. Neste caso, foco-me no papel do duplo-pivot, que me parece ter sido decisivo no sucesso da estratégia para este jogo em concreto. Em particular, o controlo que o Chelsea conseguiu fazer dos corredores laterais, onde habitualmente o City consegue causar muitos estragos pela velocidade de desdobramento da sua equipa. Mais do que tudo, sublinharia a forma como Mourinho conseguiu atenuar essa ameaça sem que, com isso, tivesse "perdido" Hazard, desgastando-o com o foco no acompanhamento defensivo. Aliás, com o ajuste lateral de Matic, o belga passou a estar até mais liberto para aproveitar o espaço oferecido pela projecção ofensiva de Zabaleta. Do outro lado, a inclusão de Ramires como extremo teve, a meu ver, o objectivo inverso. Ou seja, fazendo um acompanhamento defensivo até zonas mais baixas, Ramires possibilitou que David Luiz pudesse permanecer em zonas mais centrais.

É claro que o comportamento do duplo-pivot, por muito competente que tenha sido, não pode ser isolado do mérito global da equipa, mas creio que se justifica elogiar o desempenho de Matic (especialmente!) e David Luiz. Matic, mais forte no equilíbrio e ajuste posicional, David Luiz actuando mais em antecipação e sobre o corredor central. De todo o modo, este foi um jogo específico, de pouca exigência em termos de construção com bola, não me parecendo uma solução replicável para a maioria dos jogos da equipa. Seja como for, e se houvesse dúvidas, o Chelsea mostrou como deve ser muito seriamente introduzido nas contas de todas as competições onde está envolvido. Especialmente, acrescento, nas competições a eliminar.

Relativamente ao Man City, a derrota não foi uma fatalidade - como próprio Mourinho, aliás, reconheceu - e este mesmo jogo poderia ter dado outro desfecho. Também me parece incontornável que não ter Fernandinho e Aguero é uma perda muito grande e que, com estes dois jogadores, a equipa ganha muito mais qualidade (em especial no jogo interior). Não terá passado este relevante teste, é verdade, mas continuo a ver aqui o mais forte candidato ao título inglês.

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4.2.14

Carlos Eduardo e o espaço entrelinhas

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É um tema sobre o qual já venho escrevendo há algum tempo, e que na minha opinião tem prejudicado muito a ligação de jogo portista nos últimos tempos (particularmente, nos jogos de Alvalade e da Luz). Fica também a nota para referir que não pretendo centrar a critica no jogador em si, mas antes focar aquilo que me parece ser o desajuste do perfil dos seus movimentos com aquilo que a equipa pede, havendo uma enorme diferença em relação ao que oferecia Lucho Gonzalez nos movimentos sem bola e no espaço entrelinhas. O caminho, a meu ver, terá forçosamente de passar por uma adaptação colectiva a esta nova realidade. Nomeadamente, deverá potenciar o aparecimento de Carlos Eduardo de outra forma e, por outro lado, criar movimentos de outros jogadores no espaço entrelinhas, sob pena de perder completamente a utilidade do seu jogo interior. Palavra, de novo, a Paulo Fonseca...

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3.2.14

Marítimo - Porto: Estatística e análise

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Regressão qualitativa e eclipse do jogo interior - Já o escrevi noutras ocasiões, e a ideia vem-se solidificando: o Porto de hoje, é consideravelmente mais fraco do que aquele que iniciou a temporada. Em parte, esta opinião resulta da perda de qualidade no jogo interior e na ligação entre as fases ofensivas do seu futebol. Antes, a equipa tinha Lucho, que oferecia sempre muitas soluções nas costas da linha média contrária. Hoje, tem Carlos Eduardo, que apesar do potencial técnico raramente recebe uma bola entrelinhas, oferecendo muito poucas soluções de passe verticais no corredor central. Uma opção própria, do treinador e do clube, que a meu ver e do ponto de vista estritamente técnico-táctico, se constituiu num erro importante e nesta altura já irreversível. O que faz agora o jogo do Porto? Procura sistematicamente os extremos - sobretudo Quaresma - não para promover dinâmicas colectivas, mas na esperança de que dali possam sair rasgos individuais que resolvam o que colectivamente a equipa não é capaz resolver. Não é difícil de antever o pior, caso as coisas não mudem. Não que o jogo exterior não possa ser até uma solução, tendo o Porto até, individualmente, soluções que permitem pensar que por aí pode estar o caminho. Mas, porque para tal acontcer, é preciso criar uma intenção colectiva que vá nesse sentido, coisa que até agora ainda não se viu no trabalho de Paulo Fonseca. Não digo que não o tenha tentado no treino, mas nos jogos o que parece é que tem tentado mais acertar num "onze" do que desenvolver uma equipa.

Individualidades (Porto)
Helton - Pouco trabalho e sem reparos, com destaque para uma defesa vistosa num remate exterior, já na segunda parte.

Danilo - Esteve muito activo no jogo, tanto ofensivamente como defensivamente. Pela negativa, claro,o lance do penálti. Não só pela forma como abordou de forma displicente um corte dentro da área, mas porque deveria estar mais perto da jogada, o que lhe permitiria fazer a cobertura sem problemas. À margem desse lance, o seu contributo foi até dos mais positivos da equipa, com muito trabalho no seu corredor e algumas (poucas) incursões ofensivas a destacar - quase sempre pelo corredor central, o que é uma característica invulgar num lateral.

Alex Sandro - Não foi um jogo especialmente conseguido, note-se, mas terá sido dos menos maus da equipa, sem grandes reparos a fazer-lhe em qualquer plano, e estando inclusivamente em algumas das jogadas mais perigosas da equipa, entre as quais o cruzamento para a finalização de Varela. De todo o modo, foi interessante vê-lo com Quaresma pela frente, percebendo-se que o entendimento entre os dois não é propriamente algo que esteja muito desenvolvido.  

Maicon - Muito activo defensivamente, ganhando vários duelos, mas sentindo também muitas dificuldades perante Derley (que fez um grande jogo). Em especial, deixou-se bater, em duas ocasiões, pela forma como o avançado do Marítimo usou o corpo para rodar e ficar à frente do central.

Mangala - Globalmente, menos interventivo do que Maicon, mas não foi igualmente por ele que o Porto saiu da Madeira com uma derrota.

Defour - É o patinho feio da equipa, mas continuo a não ver sentido em apontar-se-lhe o dedo quando os problemas não passam, seguramente, pelo desempenho da sua função. Estava a realizar um jogo regular, sem grandes destaques nem reparos.

Josué - Havia a dúvida sobre onde jogaria, mas voltou a ser colocado no duplo-pivot, atrás de Carlos Eduardo. Inclusivamente, na fase final, actuou como primeiro médio, o que é um pouco mais estranho. Posso concordar que o duplo-pivot não seja o papel que melhor potencia as suas características, mas isso não quer dizer que não possa jogar numa missão de maior ênfase na primeira fase de construção. Pode, e voltou a fazê-lo sem problemas de maior.

Carlos Eduardo - Um jogo bastante fraco e onde voltou a demonstrar que não se lhe pode pedir grande capacidade de movimentação no espaço entrelinhas. Tem qualidade de definição, em especial no último terço, e até boa capacidade de trabalho, mas para ser potenciado de forma útil para a equipa tem de haver um enquadramento diferente para as suas acções. Nos 3 últimos jogos mal sucedidos da equipa revelou sempre o mesmo problema, sendo na minha leitura um dos factores-chave para o insucesso colectivo. Uma situação que, pela recorrência, não pode fazer dele o principal culpado.

Quaresma - Parece ser o novo farol da equipa e, já se sabe, tem uma qualidade técnica muito acima da média. A questão é saber se isso basta só por si, porque as suas acções são quase sempre estritamente individuais e, por outro lado, oferece muito pouco à equipa para além do tempo em que a bola está nos seus pés. É verdade que foi protagonista de um dos lances de maior perigo da equipa, mas isso não pode chegar para 90 minutos de tanto ênfase numa equipa com aspirações do Porto.

Varela - Bem menos accionado do que Quaresma, mas nem por isso com um rendimento inferior (o que não quer dizer que tenha tido uma boa prestação). Esteve perto de marcar, no instante imediatamente anterior à sua saída.

Jackson - Não foi a solução nem teve o protagonismo ofensivo que lhe é habitual, mas também é difícil ser muito contundente na crítica quando a equipa passa tanto tempo com tantas dificuldades em chegar à sua zona de forma a perspectivar, minimamente, o sucesso.

Quintero - Uma nota apenas para voltar a sublinhar que o seu talento é raro e que um dos grandes falhanços de Paulo Fonseca até agora foi não ter sido capaz de potenciar a sua integração colectiva de forma a que pudesse ser mais do que uma opção individual para as fases de desespero.

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