23.1.15

5 jogadas (Benfica, Sporting, Barça, Man Utd, Chelsea)

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Jogada 1 - O terceiro golo do Benfica é revelador do porquê de uma vitória tão fácil numa deslocação que à partida seria das mais difíceis para o líder e campeão. Começando pelo mérito do Benfica, são incontornáveis as dificuldades que a mobilidade dos seus avançados causam às defensivas contrárias. Aqui, novo destaque para Jonas, que veio realmente injectar uma grande qualidade à frente de ataque encarnada. Por outro lado, o Marítimo não revelou grande capacidade para controlar esta capacidade do seu adversário, apresentando várias debilidades que acabaram por contribuir decisivamente para o acentuar da diferença no marcador. No caso desta jogada, nota para a forma como a linha média é atraída para pressionar sem que existisse enquadramento posicional que lhe permitisse ter grande sucesso nessa acção, o que acabou por expor a zona interior do bloco e, consequentemente, a linha defensiva. Uma boa imagem da forma como a linha média do Marítimo foi exposta pela mobilidade dos jogadores do Benfica é Danilo Pereira, que assume uma postura posicional durante toda a jogada, mas que mesmo assim acaba por não conseguir intervir sempre que a bola entra na sua zona. De todo o modo, o contexto no campeonato parece ser agora bem mais positivo para o Benfica, que tem conseguido exibições bastante positivas e mais do que suficientes para o nível da oposição interna. Ainda que isto não signifique, pelo menos na minha leitura, que os padrões de qualidade do Benfica actual, sejam tão elevados como foram nas últimas temporadas.

Jogada 2 - Em Alvalade, um jogo interessante pela capacidade que ambas equipas tiveram para provocar dificuldades de controlo defensivo ao seu adversário. Não há aqui grande surpresa, se considerarmos o perfil das duas equipas e aquilo que já haviam mostrado nesta temporada. Uma análise cuja conclusão não é muito abonatória para o Sporting, já que a exigência a que a equipa está sujeita passa, não apenas por se superiorizar à generalidade dos adversários que encontra internamente, mas de conseguir um nível de controlo bastante acentuado do resultado e do destino dos 3 pontos. Sobre os problemas defensivos do Sporting, de resto, esta semana trouxe-nos a notícia de uma relevante mudança de centrais. A saída de Maurício, parece-me, é sobretudo boa para o jogador, não apenas por factores financeiros, mas também porque em Portugal tinha um contexto mediático muito pouco favorável, que teve como génese o preconceito de ter vindo de uma divisão secundária do futebol brasileiro, e que culminou na incrível tese de que era nele que estava o epicentro dos problemas defensivos da equipa nesta temporada. Ora, Maurício não era seguramente um central de qualidades extraordinárias ou que me pareçam especialmente difíceis de substituir, mas não só é importante não esquecer que foi titular absoluto com dois treinadores distintos e vários concorrentes para o lugar como que, e aqui entra a minha leitura pessoal, no tempo em que esteve no clube apenas um jogador da sua posição se revelou mais consistente, Paulo Oliveira. Ou seja, gastaram-se tantas energias a escalpelizar, em absoluto, os defeitos de Maurício (que existiam, de facto), que receio que se possa ter esquecido o seu enquadramento relativo, nomeadamente a comparação com os defeitos das alternativas existentes para a posição. E voltando à subjectividade da minha apreciação pessoal, sendo Maurício claramente o segundo melhor central que o Sporting tinha nos seus quadros, isso significa que a sua saída, mesmo sendo aparentemente tão desejada, não pode deixar de ser considerada como um risco, tanto mais que não sou capaz de precisar por antecipação o que pode valer Ewerton. Esperemos, pois, para ver...
Quanto à jogada, nela está mais um exemplo do porquê de não me parecer de todo que os problemas defensivos do Sporting tivessem como epicentro Maurício ou a qualidade individual dos jogadores da linha defensiva. O problema está, como quase sempre acontece, no processo defensivo como um todo e no seu enquadramento com as características individuais dos jogadores. No caso, salta à vista, e mais uma vez, a dificuldade de William Carvalho na recuperação defensiva, um problema que embora não mereça tanta atenção mediática, me parece ser dos mais evidentes do Sporting 14/15.

Jogada 3 - Na Corunha, o Barça realizou uma exibição a lembrar os seus melhores tempos, nomeadamente expondo a linha defensiva contrária com uma facilidade e frequência impressionantes. É claro que há aqui uma boa parte de demérito do próprio Depor, mas ainda assim sou da opinião de que há sinais optimistas para que possamos vir a ter um Barcelona na primeira linha para a disputa dos principais títulos da temporada, tanto internamente como a nível europeu. Aliás, anormal seria que a expectativa fosse outra. No caso da jogada do primeiro golo, a nota vai para a forma como o Deportivo negligenciou o risco que representa oferecer espaço nas costas da linha defensiva quando se perde presença pressionante sobre o portador da bola. Uma vulnerabilidade identificada e explorada de forma quase instintiva por Messi. Aliás, este tipo de capacidade para ler e antecipar movimentos de abordagem às zonas de finalização é a característica que mais aproxima os grandes goleadores do futebol mundial. Sobre Messi, de resto, o seu rendimento recente tem sido notável, abrindo de forma bastante prometedora o ano de 2015 (na verdade, também aqui o que é invulgar é o rendimento de Messi não ser excepcional!). Já agora, nota também para o jogo a meio da semana frente ao Atlético. Como era previsível, não foi possível realizar um jogo tão conseguido como aquele que opôs as duas equipas para o campeonato, e o Atlético voltou a conseguir um controlo defensivo notável para quem joga no terreno de uma super potência do futebol mundial, como provavelmente só mesmo a equipa de Simeone consegue nos tempos que correm. Ainda assim, o Barça voltou a realizar uma exibição que me parece muito conseguida, voltando a merecer-me destaque a distribuição da equipa em ataque posicional, nomeadamente relativamente à profundidade dos extremos, o que causou problemas de controlo defensivo á linha defensiva do Atlético.

Jogada 4 - Uma nota sobre Falcao, no United de Van Gaal. Teve um conjunto de ocasiões que não conseguiu concretizar, frente ao QPR, e daí resulta a habitual dicotomia de opiniões. A corrente mais comum passará por penalizar a ineficácia circunstancial, mas como quem me vai lendo saberá, eu tendo a pensar que quem se movimenta desta forma e chama a si tantas ocasiões, mais tarde ou mais cedo acabará por festejar golos com muita regularidade. Na jogada que seleccionei, fica evidente o bom timing de Falcao ao baixar no tempo certo para ficar no limite do fora de jogo e depois explorar as costas de uma linha defensiva que também não teve a melhor das reacções a um lançamento largo e bastante previsível.

Jogada 5 - Uma longa jogada o Chelsea, que retrata bem a facilidade e superioridade da equipa de Mourinho na deslocação ao terreno do Swansea. Algo que, pessoalmente, me surpreente, porque a Premier League revela uma grande competitividade, com as principais equipas a denotarem dificuldades em praticamente todas as partidas. Por exemplo, no jogo anterior o Chelsea recebeu o Newcastle, e teve enormes dificuldades na primeira parte, como nenhum candidato ao título sente em Espanha ou Portugal, acabando por beneficiar da eficácia e de uma boa dose de fortuna para não se colocar em apuros nesse jogo. A manter-se este contexto tudo pode acontecer na Premier League, sendo de prever que tanto Chelsea como Man City possam perder pontos com alguma regularidade, na corrida para o título. O mesmo se pode dizer, de resto, da luta pelos lugares de acesso à Champions, onde me parecem haver 5 candidatos (Arsenal, Man United, Liverpool, Southampton e Tottenham) para 2 lugares.

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