7.11.13

Porto: também um problema de autoconhecimento?

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Do jogo resultam dois sentimentos, separados pela fronteira temporal do intervalo. Primeiro, o domínio territorial portista, assente numa maior presença em posse e na enfatização dos momentos de organização. Depois, na segunda parte, o descontrolo sobre as ofensivas adversárias, sucumbindo à vertigem de um jogo partido e marcado pelos momentos de transição.

Podemos valorizar a estratégia do Zenit, porque da primeira para a segunda parte houve de facto uma mudança de abordagem por parte da equipa russa, passando a ser mais agressiva no pressing mais alto, e também a deixar mais gente na frente, partindo deliberadamente o jogo. Mas o meu ponto vai naturalmente para a reacção do Porto e da resposta que teve perante esta mudança de circunstâncias. Em particular parece-me questionável a forma como a equipa se deixou levar para um jogo de descontrolo e transição quando claramente era na organização que mais vantagem poderia retirar, tal como a primeira parte havia mostrado. E a critica incide precisamente aqui, porque para o Porto seria muito mais aconselhável privilegiar os equilíbrios e, sobretudo, subir os índices de segurança no critério em posse.

Mas não foi isso que aconteceu. Da segunda parte resulta uma evidente perda de controlo defensivo, e se revermos todos esses instantes facilmente percebemos que têm como ponto comum o momento de transição, uma perda de bola e um rápido desdobramento ofensivo da equipa russa. E aqui sobressai a segunda grande preocupação que vai emergindo na equipa de Paulo Fonseca, logo a seguir à já abordada dificuldade em ser consequente no último terço de campo. Refiro-me à gritante propensão para o erro em que o sector recuado da equipa mergulhou recentemente. Pagou esse preço tanto neste jogo como no Restelo, mas o problema parece-me vir de trás, porque tanto na recepção ao Zenit como frente ao Sporting já se havia repetido um número censurável de perdas de bola em zona de construção. Não faz sentido, por isso, lamentar-se da sorte ou da eficácia dos adversários, porque face ao tipo de erros cometidos a factura tem até sido generosa.

Em suma, e para além das limitações identificadas no actual momento da equipa portista, parece-me que a partir do jogo de São Petersburgo resulta também a ideia de uma equipa ainda não totalmente consciente de quais são as bases para onde deve conduzir o jogo. Porque se o Porto é uma equipa mais forte em posse e nos momentos de organização, será importante que seja também capaz de manter o jogo no registo que mais lhe convém, e não como aconteceu, permitir que seja o adversário a tomar essa iniciativa.



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