- O jogo teve fases distintas, mudando as suas características depois do segundo golo e das alterações do Leiria na segunda parte. Na primeira, porém, tivemos um domínio muito grande do Sporting, que foi estrategicamente consentido pelos leirienses, mas do qual o Sporting deveria ter extraído mais vantagens do que o empate que levou para o intervalo. Neste primeiro período, há que assinalar o bloco baixo do Leiria, sem grande preocupação de ter presença pressionante sobre a construção dos centrais, mas com um forte bloqueamento nos corredores, particularmente nas acções dos laterais, normalmente um ponto forte do jogo do Sporting. Aqui, parto para o primeiro destaque individual, que penso justificar Carriço. Com os laterais bloqueados, é importante que os centrais tenham a capacidade de serem eles a tomar a iniciativa de criar desequilíbrios com bola e com o espaço que lhes é permitido pela estratégia contrária. Capacidade e qualidade, claro. Carriço tem-na, assim como tem também grande capacidade para jogar em antecipação nos espaços interiores e na reacção à perda (ver origem do 2ºgolo). É um jogador que tem de facto problemas na resposta em lances aéreos dentro da área, mas essa, sendo uma lacuna potencialmente decisiva, não deve ofuscar o valor do jogador noutros capítulos do jogo, que é evidente. Já agora, e apesar do mau jogo frente ao Marítimo (novamente, pela resposta aérea), Carriço tem feito um campeonato muito bom.
- Depois, no curso do jogo, é interessante verificar o efeito marcante de alguns lances. A eficácia do Sporting, que voltou a ser muito elevada e que foi reflectida, desta vez, nos golos de Matias. E, do outro lado, quer o golo do Leiria, que resulta de um erro individual descontextualizado do curso do jogo, e que impediu, possivelmente, outro conforto do Sporting no jogo, e, mais tarde, o lance que poderia ter resultado em novo empate e que surgiu como complemento perfeito para a mudança que Cajuda estava a tentar encetar no jogo, após o 2-1. Lances que tiveram efeitos quer na resposta emocional dos jogadores, quer na percepção com que todos ficamos das exibições das equipas. Aliás, sobre a reacção do Leiria e encolhimento do Sporting, parece-me que há muito de emocional nessa reacção, isto mesmo contando com o bom posicionamento do Leiria na reacção à perda e com a ineficácia das alterações no meio campo do Sporting, no que diz respeito à qualidade do jogo ao nível do passe, quer em organização, circulando menos, quer em transição, sendo incapaz de ficar com bola mais tempo após cada recuperação de bola. Daí, o avanço territorial do Leiria e consequente "aperto" do Sporting em grande parte do segundo tempo.
- No Sporting, o dado mais importante tem a ver com a resposta do meio campo, que foi excelente. Com o duplo pivot, o Sporting teve, a meu ver, o melhor Schaars da temporada. Não ao nível do impacto ofensivo, porque não marcou nem assistiu, mas a nível defensivo, onde esteve muito forte (já tinha estado frente ao Feirense, em boa verdade) e sobretudo ao nível do passe, sendo finalmente um jogador consistente a esse nível, quer em termos de presença, quer no que respeita ao nível da eficácia, que como assinalei vinha sendo muito baixo. Não surpreende esta diferença, já que Schaars é marcadamente um jogador de primeira fase de construção e muito menos vocacionado para uma segunda fase ofensiva. Ao seu lado, Elias, com erros pontuais ao nível do passe, mas sem que isso possa afectar uma boa presença também a esse nível, que complementa com a sua extraordinária capacidade reactiva aos momentos do jogo, quer na recuperação, quer no acompanhamento ofensivo. Teoricamente, teve mais responsabilidades defensivas, mas 3 dos 6 desequilíbrios têm a sua participação directa. Finalmente, Matias que actuou na posição que me pareceu estar-lhe destinada com a chegada de Domingos. Não tenho como certo que o seu rendimento possa vir a ser consistente, por causa das lesões, mas também porque é preciso que a equipa o consiga potenciar no último terço, perto da zona de finalização, onde tem uma capacidade de definição e decisão que é terrível para as oposições. Mas, uma coisa é certa, se o Sporting conseguir potenciar este trio e se o tiver sempre disponível (porque não tem alternativas da mesma ordem qualitativa), esquecer Rinaudo não será um problema...
- Finalmente, falar dos extremos, porque há alguns casos curiosos. Pereirinha foi o jogador mais conseguente no jogo, e apenas não terá dado sequência a 1 posse de bola que por si passou. É notável este registo, o problema, porém, é que isso não é minimamente suficiente. O jogo faz-se de golos, e os jogadores mais ofensivos têm como principal missão ajudar a aproximar a sua equipa do golo, o que no caso dele não sucedeu, nem de perto. Pessoalmente, penso que a equipa poderia ganhar mais se os papeis de Pereirinha e João Pereira fossem invertidos, quando a equipa recorre aos dois em simultâneo, mas é algo que teríamos de ver para ter mais certezas. Depois, Capel. Recuperando a questão dos jogadores discretos, Capel é o inverso, tudo menos discreto. A energia que emprega a cada posse de bola faz com que entusiasme as bancadas antes mesmo de chegar a produzir algo de realmente concreto, e isto vale-lhe, a meu ver, alguma sobrevalorização mediática. É uma mais valia que seja capaz de transportar a bola como o faz, mas é muito duvidoso que esteja a gerir da melhor forma as suas aparições no jogo, por mais aplausos que arranque. Desgasta-se em demasia, não é capaz depois de oferecer uma boa resposta defensiva, e do ponto de vista da produção ofensiva também não tem um valor acrescentado que justifique qualquer euforia. Se compararmos com os extremos do plantel (exceptuando Pereirinha), aliás, é aquele que menos desequilíbrios provoca em face do tempo de utilização, perdendo inclusive para Elias ou Schaars (ainda que este conte com os lances de bola parada) nesta comparação. Finalmente, Carrillo. É um jogador que pode, realmente, ter um futuro tremendo. A sua capacidade técnica e, sobretudo, a sua potência física determinam essa oportunidade, porque muito facilmente ganha vantagem sobre a oposição sem fazer grande esforço, e ele já percebeu isso. Falta-lhe mais qualidade na definição no último terço, para ser mais decisivo, e mais calibragem na decisão para poder ser um jogador consistente. Ainda não é, nem uma coisa nem outra, mas pode vir a ser, porque as suas outras características permitem-lhe lá chegar, caso tenha uma boa evolução.
- Depois, no curso do jogo, é interessante verificar o efeito marcante de alguns lances. A eficácia do Sporting, que voltou a ser muito elevada e que foi reflectida, desta vez, nos golos de Matias. E, do outro lado, quer o golo do Leiria, que resulta de um erro individual descontextualizado do curso do jogo, e que impediu, possivelmente, outro conforto do Sporting no jogo, e, mais tarde, o lance que poderia ter resultado em novo empate e que surgiu como complemento perfeito para a mudança que Cajuda estava a tentar encetar no jogo, após o 2-1. Lances que tiveram efeitos quer na resposta emocional dos jogadores, quer na percepção com que todos ficamos das exibições das equipas. Aliás, sobre a reacção do Leiria e encolhimento do Sporting, parece-me que há muito de emocional nessa reacção, isto mesmo contando com o bom posicionamento do Leiria na reacção à perda e com a ineficácia das alterações no meio campo do Sporting, no que diz respeito à qualidade do jogo ao nível do passe, quer em organização, circulando menos, quer em transição, sendo incapaz de ficar com bola mais tempo após cada recuperação de bola. Daí, o avanço territorial do Leiria e consequente "aperto" do Sporting em grande parte do segundo tempo.
- No Sporting, o dado mais importante tem a ver com a resposta do meio campo, que foi excelente. Com o duplo pivot, o Sporting teve, a meu ver, o melhor Schaars da temporada. Não ao nível do impacto ofensivo, porque não marcou nem assistiu, mas a nível defensivo, onde esteve muito forte (já tinha estado frente ao Feirense, em boa verdade) e sobretudo ao nível do passe, sendo finalmente um jogador consistente a esse nível, quer em termos de presença, quer no que respeita ao nível da eficácia, que como assinalei vinha sendo muito baixo. Não surpreende esta diferença, já que Schaars é marcadamente um jogador de primeira fase de construção e muito menos vocacionado para uma segunda fase ofensiva. Ao seu lado, Elias, com erros pontuais ao nível do passe, mas sem que isso possa afectar uma boa presença também a esse nível, que complementa com a sua extraordinária capacidade reactiva aos momentos do jogo, quer na recuperação, quer no acompanhamento ofensivo. Teoricamente, teve mais responsabilidades defensivas, mas 3 dos 6 desequilíbrios têm a sua participação directa. Finalmente, Matias que actuou na posição que me pareceu estar-lhe destinada com a chegada de Domingos. Não tenho como certo que o seu rendimento possa vir a ser consistente, por causa das lesões, mas também porque é preciso que a equipa o consiga potenciar no último terço, perto da zona de finalização, onde tem uma capacidade de definição e decisão que é terrível para as oposições. Mas, uma coisa é certa, se o Sporting conseguir potenciar este trio e se o tiver sempre disponível (porque não tem alternativas da mesma ordem qualitativa), esquecer Rinaudo não será um problema...
- Finalmente, falar dos extremos, porque há alguns casos curiosos. Pereirinha foi o jogador mais conseguente no jogo, e apenas não terá dado sequência a 1 posse de bola que por si passou. É notável este registo, o problema, porém, é que isso não é minimamente suficiente. O jogo faz-se de golos, e os jogadores mais ofensivos têm como principal missão ajudar a aproximar a sua equipa do golo, o que no caso dele não sucedeu, nem de perto. Pessoalmente, penso que a equipa poderia ganhar mais se os papeis de Pereirinha e João Pereira fossem invertidos, quando a equipa recorre aos dois em simultâneo, mas é algo que teríamos de ver para ter mais certezas. Depois, Capel. Recuperando a questão dos jogadores discretos, Capel é o inverso, tudo menos discreto. A energia que emprega a cada posse de bola faz com que entusiasme as bancadas antes mesmo de chegar a produzir algo de realmente concreto, e isto vale-lhe, a meu ver, alguma sobrevalorização mediática. É uma mais valia que seja capaz de transportar a bola como o faz, mas é muito duvidoso que esteja a gerir da melhor forma as suas aparições no jogo, por mais aplausos que arranque. Desgasta-se em demasia, não é capaz depois de oferecer uma boa resposta defensiva, e do ponto de vista da produção ofensiva também não tem um valor acrescentado que justifique qualquer euforia. Se compararmos com os extremos do plantel (exceptuando Pereirinha), aliás, é aquele que menos desequilíbrios provoca em face do tempo de utilização, perdendo inclusive para Elias ou Schaars (ainda que este conte com os lances de bola parada) nesta comparação. Finalmente, Carrillo. É um jogador que pode, realmente, ter um futuro tremendo. A sua capacidade técnica e, sobretudo, a sua potência física determinam essa oportunidade, porque muito facilmente ganha vantagem sobre a oposição sem fazer grande esforço, e ele já percebeu isso. Falta-lhe mais qualidade na definição no último terço, para ser mais decisivo, e mais calibragem na decisão para poder ser um jogador consistente. Ainda não é, nem uma coisa nem outra, mas pode vir a ser, porque as suas outras características permitem-lhe lá chegar, caso tenha uma boa evolução.