14.11.11

Bósnia - Portugal: opinião e estatística

ver comentários...
- 0-0, é um bom ou um mau resultado? A resposta, parece-me, é... não. Este era o desfecho que menos afectava teoricamente o favoritismo atribuído à partida. Portugal continua a ser favorito, mas não é significativamente mais do que era. Se 0-0 é melhor para Portugal ou para a Bósnia? A isso já não sou capaz de responder. A dúvida passa por saber se o peso do misterioso mas irrefutável factor casa é suficiente para desfazer a desvantagem de não se poder empatar para garantir o apuramento. Independentemente da opinião de cada um, o mais interessante seria ter resultados concretos sobre o que o passado nos diz a respeito disto. Infelizmente, para já não os tenho...

- Outra pergunta: Portugal merecia ganhar? O lado português tende a afirmar que sim, que jogou melhor e que merecia algo mais. É verdade que Portugal levou a melhor no domínio de grande parte do jogo, mas também me parece inegável que do ponto de vista ofensivo isso se traduziu em pouco. Ou seja, do mesmo modo que Portugal se pode lamentar de não ter marcado numa ou noutra ocasião, também os bósnios poderão reclamar para si essa possibilidade, porque a tiveram. Copo meio cheio ou meio vazio? Cada um verá como quer. O que me parece claro é que, com o 0-0 e como o próprio jogo da primeira mão bem o demonstra, Portugal está cada vez mais vulnerável do detalhe para definir um apuramento que se devia exigir com muito mais conforto. Agora, tudo pode depender de uma inspiração, de um erro, ou mesmo da sorte.

- Indo mais concretamente ao jogo, convém realçar que o relvado teve mesmo uma importância assinalável no jogo, e mesmo na abordagem das equipas. Pouca capacidade de ligar o jogo, muitas ligações directas e grande importância para os duelos físicos e para o jogo de antecipação. Portugal esteve muito bem durante boa parte do tempo. Pressionou a primeira linha, não facilitou a construção, potenciou o erro, e depois, lá atrás, contou com a presença de Bruno Alves e Pepe, muito fortes no controlo do jogo directo. Menos bem, na ligação do seu jogo ofensivo, porém, e isso terá sido o factor que impediu Portugal de chegar à vitória.

- Defensivamente, Pepe, claro, é o grande destaque. Reconheça-se algumas abordagens menos cuidadas, mas a qualidade de Pepe, a sua capacidade para antecipar dentro ou recuperar nas costas, isso é inquestionável e não tem a ver com estilo ou gostos pessoais. É um fora de série e Portugal, obviamente, ganhou imenso com a sua presença. Ao seu lado, Bruno Alves esteve também muito bem, sobretudo no jogo aéreo, mas Bruno Alves tem limitações que Pepe não tem, quer na recuperação, quer no acompanhamento da marcação até zonas mais interiores. Amanhã tentarei trazer algumas jogadas da Bósnia, que retratam alguns cuidados a ter, mas este é um primeiro ponto de vulnerabilidade que me parece claro: a possibilidade de Bruno Alves ser atraído para fora da sua zona. Nas laterais, ambos tiveram nos momentos de maior dificuldade, mas João Pereira conseguiu ter uma presença muito mais positiva e regular durante o jogo. Coentrão, desta vez, ficou aquém do muito que pode. Quem sabe se venha a refazer no segundo jogo...

- A grande novidade de Paulo Bento, veio da composição do meio campo. Porquê a aposta em Veloso? A meu ver, estará primeiramente relacionada com Meireles e a sua menor disponibilidade para fazer um jogo nos limites da agressividade, devido ao cartão amarelo que não poderia ver. E, de facto, Meireles esteve abaixo do que normalmente rende, parecendo sempre condicionado nas suas abordagens. Mas Veloso tinha também duas outras virtudes. Está habituado a jogar naquela posição, mais defensiva, e gosta da construir de forma mais longa, algo que iria fazer parte da estratégia. Houve algumas dificuldades no ajustamento posicional dos médios (voltarei a este tema...), mas creio que Veloso cumpriu bem o seu papel a esse nível. No entanto, tenho algumas dúvidas sobre a sua resposta em termos de intensidade e agressividade defensivas, algo que me parece ser muito importante para a posição específica. É, ainda assim, um forte candidato como melhor complemento para Moutinho e Meireles...

- Na frente, o talento de Nani e Ronaldo, apesar do esforço, não foi suficiente. Aquilo que me parece mais discutível, porém, é a presença de Postiga. Muito discutível, mesmo. Não por não ter marcado, nem por ter uma capacidade concretizadora baixa (apesar de tudo, parece atravessar um bom momento a esse nível), mas... o que realmente esperava Paulo Bento de Postiga neste jogo?! Iria ser um jogo de grande exigência física, e Postiga tem um registo péssimo a esse nível. O jogo frente à Dinamarca, aliás, deveria ter servido de exemplo conclusivo para esta questão. É impossível saber o que seria o jogo com Hugo Almeida de inicio, mas é também evidente que a presença de Postiga foi tudo menos um valor acrescentado. A principal critica não tem a ver com a baixa utilidade do avançado, mas com a facto de isso ser altamente previsível, à priori...
Ler tudo»

AddThis