18.11.11

Movimentos dos avançados: Complementaridade?

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Primeiro ponto, para referir que não há nesta análise uma intenção de centrar a critica na componente individual. Ou seja, tenho bastantes criticas e reticências em relação à performance de Postiga em variados items de rendimento, mas neste caso a ideia é discutir a dinâmica colectiva a partir dos movimentos do avançado, não havendo elementos que nos possam dizer que os problemas existentes a esse nível estejam relacionados com a utilização de um jogador em relação a outros.

A segunda nota serve para sublinhar que não é igualmente minha pretensão definir exactamente que movimentos devem ou não ser feitos. Aliás, sou até bastante contrário à ideia de que existe um predefinição do que é "certo" e "errado" na forma de jogar. A constatação que faço, porém, tem a ver com a aparente ausência de complementaridade nos movimentos ofensivos da Selecção, especialmente do avançado, que é o jogador que mais possibilidades tem de se relacionar em termos de dinâmica com os mais variados jogadores. O que vemos, apesar disso, é uma movimentação aparentemente sem qualquer preocupação colectiva no aproveitamento ou criação de espaços gerados por, ou para, outros jogadores. O resultado são movimentações que se tornam várias vezes redundantes ou mesmo prejudiciais à restante dinâmica, e, sobretudo, a constatação de um sub aproveitamento deste elemento em termos ofensivos.

Há vários bons exemplos a reter a este nível. Começando pela recente exibição de Klose frente à Holanda, assistindo por duas vezes companheiros, coisa que na Selecção portuguesa raramente vemos acontecer (em toda a fase de qualificação, não houve uma única assistência dos avançados). Outro exemplo, vem do Real Madrid, de Cristiano Ronaldo, onde a movimentação dos avançados segue sempre um padrão de complementaridade com a dinâmica, quer de Ozil, quer dos extremos. Ou, num exemplo mais recente, vimos também como a própria Bósnia se movimentava na última linha, conseguindo uma boa complementaridade de movimentos entre avançados e médios.

Independentemente da opinião que resulte sobre as causas do problema, o que me parece claro que não pode ser negado é a existência do problema em si mesmo. Ou seja, não me sobram grandes dúvidas quanto ao défice de aproveitamento do papel do avançado na Selecção. Por exemplo, e só tendo em conta os 5 jogos desde o Verão (Chipre, Islândia, Dinamarca e dois frente à Bósnia), Portugal criou 26 desequilíbrios em jogo corrido (exceptuando bolas paradas), dos quais apenas 4 foram finalizados por avançados. Sendo este registo já invulgarmente baixo (cerca de metade do que acontece nos "grandes", por exemplo), o facto é que ele não é compensado por qualquer mais valia criativa, já que apenas 1 destes desequilíbrios teve a participação de um avançado (no caso, Hugo Almeida) para efeitos que não fosse o de finalizar. Ou seja, e tal como escrevi ontem, a utilidade dos avançados tem-se resumido a nada mais do que a finalização, sendo que mesmo a esse nível os resultados não são brilhantes...
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