- Relativamente ao jogo, começo pelo aspecto mais previsível. Não é nada que tenha a ver com o que se passou dentro de campo - isso é sempre demasiado imprevisível - mas antes com as conversas depois do jogo. Ou seja, se o Sporting perdesse, como perdeu, era certo que as criticas iriam cair sobre a opção de Domingos eleger Carriço para a posição de pivot. É tão recorrente e previsível, que o próprio treinador deverá ser o primeiro a sabe-lo. Domingos explicou o porquê da opção por Carriço, e não era difícil de a deduzir do próprio jogo, nomeadamente pelo posicionamento alto de Schaars e Elias. Mais difícil, a meu ver, é supor, como quase sempre se faz, que um treinador toma esta opção para "perder capacidade de passe" ou "para defender mais".
- A opção de Domingos, de ser agressivo sobre a saída de bola do Benfica, obrigando a uma construção mais longa, é já uma reedição do que fazia quer na Académica, quer no Braga, recolhendo na altura grandes proveitos desse condicionamento que fazia sobre os seus adversários, especialmente em jogos mais de maior grau de dificuldade. Aliás, o próprio Benfica o faz, pressionando rapidamente e com bastante gente a primeira linha contrária. A presença de um jogador mais forte no jogo aéreo como pivot é imprescindível para Jesus, precisamente pelos mesmos motivos que levaram Domingos a colocar Carriço em campo. Ora, a consequência de tudo este condicionamento sobre a construção, foi um jogo pouco ligado e fortemente dependente da disputa da segunda bola para a definição do ascendente no jogo. Este é, por isso, um detalhe decisivo. O Sporting preparou as suas próprias reposições, escolhendo Wolfswinkel como referência para a primeira bola e o lado direito como destino. O porquê desse lado? Talvez pela tentativa de explorar a rapidez de Elias nas costas do holandês, talvez para tentar ficar com a bola do lado mais forte (digo eu...) da equipa, mas não tenho uma resposta exacta. O certo é que o Benfica, não tendo de fazer uma abordagem tão estratégica, tem uma natural apetência para responder de forma mais forte a este aspecto específico. Mesmo sem Luisão, defensivamente, tem Javi Garcia sobre a esquerda, protegendo bem quer Emerson, quer Garay, e o próprio Witsel, também bastante forte neste capítulo, sobre a direita. O belga, aliás, apresenta-se igualmente como alternativa para as reposições longas de Artur. Domingos temeu Cardozo, mas o Benfica teve sempre outras alternativas, nomeadamente Witsel, mais sobre a direita. E, assim, o efeito Carriço no jogo aéreo acabou por não se fazer sentir, ainda que também me pareça igualmente um equívoco afirmar que o Sporting perdeu capacidade de construção com a sua presença, face a um jogo com estas características.
- Entre a estratégia de uns, e a maior capacidade natural de outros, não me parece que algum dos lados se possa declarar como vencedor deste jogo de muita luta pelo privilégio de poder sair a jogar a partir de segundas bolas. O jogo repartiu-se quase sempre, o Benfica beneficiou mais da noite inspirada de Aimar (as dificuldades de Carriço são em grande medida o mérito do 10 encarnado), e da maior propensão para o erro em posse do Sporting. Em destaque no Benfica, a boa ligação do jogo, desde a direita para a esquerda, com muita largura sobre a última linha do Sporting (provavelmente voltarei a este detalhe). Porém, tudo isto, sem nunca se verificar qualquer ascendente continuado, porque o Sporting dividiu sempre o jogo, tanto em termos de domínio, como de proximidade com o golo.
- De tudo isto sobram, claro, as bolas paradas. Num jogo assumidamente de muita luta e pouco risco em construção, é fundamental ser-se forte nos detalhes e as bolas paradas são frequentemente um dos principais meios para que se marquem diferenças. Foi assim, mais uma vez. Domingos saberá bem a importância desta componente para o sucesso, porque já ganhou vários jogos assim. Jesus, como se sabe, privilegia também muito a capacidade das suas equipas a este nível. Tal como nas primeiras bolas na reposição de jogo, o Benfica é naturalmente mais forte neste plano, e o Sporting está mais dependente do trabalho específico. O jogo acabou por se definir numa zona em que a equipa leonina parecia insuperável com a presença de Onyewu. Foi por ali que o Marítimo criou grande parte dos seus lances, na vitória em Alvalade, mas com o americano esse problema parecia resolvido. Ora, foi precisamente no pior momento que Onyewu se mostrou vulnerável no controlo desse espaço.
- O equilíbrio, claro, terminou com a expulsão de Cardozo. Aí o Sporting passou a ter um domínio claro e consentido também. É verdade que o Benfica controlou sempre bem o jogo, é verdade que o Sporting não revelou grande lucidez na circulação, nomeadamente centralizando muito os médios e criando poucas situações de apoio nos corredores laterais. Mas também é verdade, apesar disto tudo, que criou oportunidades suficientes nesse período para ter chegado ao empate. Se não o conseguiu não foi por qualquer fatalidade do destino, mas sim porque o futebol é mesmo assim, tanto pode dar umas coisas coisas, como outras.
- Individualmente, no Benfica o destaque principal tem de ser Javi Garcia, pelo golo decisivo e pela capacidade de intervenção num jogo que cedo ficou a seu gosto, exigindo-lhe muitos duelos aéreos e muito menos gestão da posse, onde é vulnerável. Mas também Aimar, que foi fantástico nos seus movimentos "entrelinhas" (ainda que nenhum chegasse a ter grande consequência objectiva), e Gaitan, quer pela capacidade de execução em dois momentos, quer pela notável capacidade de trabalho que revelou (sem surpresa, sempre revelou nos jogos que puxam por ele). No Sporting, Wolfswinkel trabalhou bem na frente, mas faltou-lhe aquilo que é mais importante para alguém da sua posição, ser decisivo na finalização. Elias, esteve estrategicamente mais próximo do holandês e justificou esse papel pelo sentido de oportunidade na área, faltando-lhe apenas a eficácia. Outra nota para Carrillo, que volta a dar sinais de ser um caso sério em potência, assim consiga evoluir na decisão, claro.
- A opção de Domingos, de ser agressivo sobre a saída de bola do Benfica, obrigando a uma construção mais longa, é já uma reedição do que fazia quer na Académica, quer no Braga, recolhendo na altura grandes proveitos desse condicionamento que fazia sobre os seus adversários, especialmente em jogos mais de maior grau de dificuldade. Aliás, o próprio Benfica o faz, pressionando rapidamente e com bastante gente a primeira linha contrária. A presença de um jogador mais forte no jogo aéreo como pivot é imprescindível para Jesus, precisamente pelos mesmos motivos que levaram Domingos a colocar Carriço em campo. Ora, a consequência de tudo este condicionamento sobre a construção, foi um jogo pouco ligado e fortemente dependente da disputa da segunda bola para a definição do ascendente no jogo. Este é, por isso, um detalhe decisivo. O Sporting preparou as suas próprias reposições, escolhendo Wolfswinkel como referência para a primeira bola e o lado direito como destino. O porquê desse lado? Talvez pela tentativa de explorar a rapidez de Elias nas costas do holandês, talvez para tentar ficar com a bola do lado mais forte (digo eu...) da equipa, mas não tenho uma resposta exacta. O certo é que o Benfica, não tendo de fazer uma abordagem tão estratégica, tem uma natural apetência para responder de forma mais forte a este aspecto específico. Mesmo sem Luisão, defensivamente, tem Javi Garcia sobre a esquerda, protegendo bem quer Emerson, quer Garay, e o próprio Witsel, também bastante forte neste capítulo, sobre a direita. O belga, aliás, apresenta-se igualmente como alternativa para as reposições longas de Artur. Domingos temeu Cardozo, mas o Benfica teve sempre outras alternativas, nomeadamente Witsel, mais sobre a direita. E, assim, o efeito Carriço no jogo aéreo acabou por não se fazer sentir, ainda que também me pareça igualmente um equívoco afirmar que o Sporting perdeu capacidade de construção com a sua presença, face a um jogo com estas características.
- Entre a estratégia de uns, e a maior capacidade natural de outros, não me parece que algum dos lados se possa declarar como vencedor deste jogo de muita luta pelo privilégio de poder sair a jogar a partir de segundas bolas. O jogo repartiu-se quase sempre, o Benfica beneficiou mais da noite inspirada de Aimar (as dificuldades de Carriço são em grande medida o mérito do 10 encarnado), e da maior propensão para o erro em posse do Sporting. Em destaque no Benfica, a boa ligação do jogo, desde a direita para a esquerda, com muita largura sobre a última linha do Sporting (provavelmente voltarei a este detalhe). Porém, tudo isto, sem nunca se verificar qualquer ascendente continuado, porque o Sporting dividiu sempre o jogo, tanto em termos de domínio, como de proximidade com o golo.
- De tudo isto sobram, claro, as bolas paradas. Num jogo assumidamente de muita luta e pouco risco em construção, é fundamental ser-se forte nos detalhes e as bolas paradas são frequentemente um dos principais meios para que se marquem diferenças. Foi assim, mais uma vez. Domingos saberá bem a importância desta componente para o sucesso, porque já ganhou vários jogos assim. Jesus, como se sabe, privilegia também muito a capacidade das suas equipas a este nível. Tal como nas primeiras bolas na reposição de jogo, o Benfica é naturalmente mais forte neste plano, e o Sporting está mais dependente do trabalho específico. O jogo acabou por se definir numa zona em que a equipa leonina parecia insuperável com a presença de Onyewu. Foi por ali que o Marítimo criou grande parte dos seus lances, na vitória em Alvalade, mas com o americano esse problema parecia resolvido. Ora, foi precisamente no pior momento que Onyewu se mostrou vulnerável no controlo desse espaço.
- O equilíbrio, claro, terminou com a expulsão de Cardozo. Aí o Sporting passou a ter um domínio claro e consentido também. É verdade que o Benfica controlou sempre bem o jogo, é verdade que o Sporting não revelou grande lucidez na circulação, nomeadamente centralizando muito os médios e criando poucas situações de apoio nos corredores laterais. Mas também é verdade, apesar disto tudo, que criou oportunidades suficientes nesse período para ter chegado ao empate. Se não o conseguiu não foi por qualquer fatalidade do destino, mas sim porque o futebol é mesmo assim, tanto pode dar umas coisas coisas, como outras.
- Individualmente, no Benfica o destaque principal tem de ser Javi Garcia, pelo golo decisivo e pela capacidade de intervenção num jogo que cedo ficou a seu gosto, exigindo-lhe muitos duelos aéreos e muito menos gestão da posse, onde é vulnerável. Mas também Aimar, que foi fantástico nos seus movimentos "entrelinhas" (ainda que nenhum chegasse a ter grande consequência objectiva), e Gaitan, quer pela capacidade de execução em dois momentos, quer pela notável capacidade de trabalho que revelou (sem surpresa, sempre revelou nos jogos que puxam por ele). No Sporting, Wolfswinkel trabalhou bem na frente, mas faltou-lhe aquilo que é mais importante para alguém da sua posição, ser decisivo na finalização. Elias, esteve estrategicamente mais próximo do holandês e justificou esse papel pelo sentido de oportunidade na área, faltando-lhe apenas a eficácia. Outra nota para Carrillo, que volta a dar sinais de ser um caso sério em potência, assim consiga evoluir na decisão, claro.