5.5.08

Notas do Estrela 0-0 Benfica

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- Houve muito quem fizesse deste jogo uma vitória certa. É um erro primário que se comete muitas vezes neste tipo de situações em que uma equipa depende de terceiros e acaba por fazer as contas partindo do princípio que tem os seus jogos garantidos. Nos adeptos e até em alguns analistas parece-me normal que aconteça, agora um treinador ter “quase a certeza” de que vai ganhar é que acho mais preocupante...

- O Estrela iniciou o jogo com uma postura fiel aos seus princípios, fazendo da organização uma prioridade em relação à pressão, dando ao Benfica liberdade para iniciar as suas jogadas. Este facto ainda deu a ideia de que poderiamos ter um Benfica dominador desde o inicio, mas foi pura ilusão. A posse de bola encarnada depressa se revelou pouco dinâmica e incapaz de ultrapassar o bloco do Estrela que, por sua vez, foi ganhando confiança para assumir também ele a posse de bola com jogadas elaboradas suportadas apoios curtos e que iam tirando partido da apatia do pressing do seu adversário. Assim, à excepção do “missil” de Cardozo, a primeira parte não teve grandes oportunidades nem sequer um ascendente claro, com o jogo a ser disputado a um ritmo próprio de uma fase não competitiva.

- Há no Benfica uma ausência de movimentos ofensivos rotinados (à excepção do recuo de Rui Costa), com a equipa a assumir princípios básicos que apelam à mobilidade dos médios e ao apoio dos laterais, mas com a qualidade dessa dinâmica a depender sempre da inspiração individual e não de movimentos colectivos que aparentem ser trabalhados. Um exemplo desta lacuna pode encontrar-se na pouca ligação dos avançados à fase de criação ofensiva. Quando Di Maria aí actuou, essa ligação apareceu com mais frequência mas, lá está, resulta mais de uma opção individual do que de uma intenção colectiva. Neste aspecto pode perceber-se o pouco rendimento da primeira fase de construção do Benfica no primeiro tempo pela menor produção daquele que costuma ser o seu impulsionador, quer na criação de linhas de passe, quer no desenvolvimento das jogadas: Rui Costa.

- No segundo tempo, Chalana introduziu Di Maria na esquerda, passando Rodriguez para a direita, com o recuo de Maxi. O argentino foi a personificação da atitude pretendida e o grande protagonista das jogadas ofensivas encarnadas no segundo tempo que passaram a ser canalizadas para o seu flanco. Com a entrada de Mantorras, o Benfica acrescentou mais um inspirador de atitude, criando linhas de passe interiores e atacando com determinação as zonas de finalização.Na última meia hora o Benfica revelou finalmente a entrega e atitude que seriam necessários desde o minuto inicial, sendo mais agressivo sem bola e determinado com ela.

- O empate tem de se aceitar face às incidências do jogo, embora se deva dizer também que o Benfica teve poucas mas soberanissimas ocasiões de golo, sendo imperdoável falhar ocasiões como as de Luisão e, sobretudo, Edcarlos. Ainda assim é uma penalização previsível para quem viu na vitória com o Belenenses uma grande exibição e aparentou sempre, como referi no inicio, assumir este como um jogo ganho.

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