22.9.15

Notas 15/16 (#5): Notas individuais do Porto-Benfica

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Antes das notas individuais, um breve apontamento sobre o jogo, para referir que tenho uma leitura ligeiramente diferente dos acontecimentos relativamente àquela que me parece ser a ideia mais consensual. Concretamente, parece-me irrefutável que foi o Benfica quem teve a melhor ocasião dos primeiros 45 minutos, e que foi o Porto quem as teve no segundo tempo, mas isso não implica que o Benfica tenha estado melhor na primeira parte, ou em meu entender que o jogo tenha sequer sido bastante equilibrado nesse período. Em qualquer das metades do jogo, foi o Porto quem conseguiu ter maior iniciativa de jogo, presença territorial e chegadas de potencial ao último terço ofensivo, sendo certo que esse ascendente ganhou maior ênfase nos últimos 20 minutos do jogo. Tudo somado, creio que o que se viu vai bastante de encontro às expectativas que se podiam ter à partida. Um Porto com os defeitos do passado e ainda longe da capacidade de imposição territorial que lhe vimos na melhor fase da época transacta, mas ainda assim superior áquelas que são as possibilidades reais do Benfica actual. E isto, independentemente daquilo que foi o resultado final...

Porto
Maxi Pereira - Não fez, na minha opinião, um grande jogo. É certo que se bateu bem perante Gaitan e que ganhou bastantes duelos, mas também cometeu alguns erros relevantes e que poderia ter evitado. Por outro lado, a sua projecção ofensiva não foi muito útil à equipa.

Layun - Fez um jogo mais discreto do que Maxi, mas também esteve longe de ser um grande protagonista do jogo. Ofensivamente, tem potencial de sobra para tal, mas talvez pelas suas características algo atípicas para aquela posição, a equipa não retirou grande proveito disso. Defensivamente, fez um jogo modesto, sem consequências de maior, é certo, mas com condições para garantir maior segurança no seu corredor.

Maicon - Torna-se um protagonista frequente na construção, pela frequência com que procura solicitar os flancos, de forma longa. Talvez o faça com recorrência excessiva, mas creio que não partirá dele a responsabilidade por essa opção. De resto, não teve grandes problemas no jogo, dominando a generalidade dos duelos a que foi sujeito.

Marcano - Tal como Maicon, um jogo sem grandes problemas, ainda que não perfeito. Tem, apesar de tudo, um registo mais sóbrio e não menos eficaz (foi o jogador da equipa com mais duelos ganhos) do que o seu parceiro de sector, o que a mim pessoalmente me agrada.

Rúben Neves - Pode dizer-se que cumpriu no seu papel, mas também devo dizer que me parece ter ainda algum caminho a percorrer até ser uma mais-valia na sua função. Particularmente, a nível defensivo, será importante que vá ganhando maior capacidade de intervenção e domínio da sua zona.

Imbula - Já aqui escrevi que me tem impressionado pouco para as expectativas criadas, e de novo tenho de o repetir. Particularmente, sublinharia a sua reduzida capacidade de intervenção defensiva no jogo (foi, entre os titulares e à margem de Aboubakar, o elemento que menos duelos venceu), o que a na minha leitura tem sobretudo a ver com alguma dificuldade de leitura e posicionamento. As diferenças de capacidade de imposição territorial da equipa, em relação ao ano passado, passam em parte por aqui. Com bola, deu melhor contributo, sobretudo pela sua capacidade de transporte, mas também sem justificar elogios de maior.

André André - Foi o médio que mais intercepções/duelos conseguiu, e à excepção de Brahimi aquele que mais contribui para ligar as diversas fases do jogo ofensivo da equipa (tanto à fase de criação, como à de finalização). Não menos importante é o facto de ter sido o denominador comum entre as jogadas de maior perigo da equipa no jogo, sendo a do golo até aquela em que menor mérito justifica. Suspeito que o seu estilo nunca fará dele um jogador consensual. Para já, e não apenas neste jogo, a efectividade do seu rendimento parece-me inatacável, em contraste com a generalidade dos médios da equipa.

Corona - Não correspondeu às boas expectativas que criou. Não que não tenha tido a sua utilidade no jogo, teve-a sobretudo ao nível do trabalho defensivo e em algumas ligações à fase criativa, mas é claro que não conseguiu aproximar a equipa das situações de desequilíbrio, que é aquilo que mais se espera de um jogador da sua posição.

Brahimi - O protagonismo habitual, sempre a procurar muito o envolvimento em posse. É certo que não foi um jogo em que as suas acções tivessem uma grande consequência em termos de proximidade clara com o golo, mas não deixou de ser o jogador que mais contribuiu para a ligação do jogo ofensivo da equipa, tanto com a fase criativa como com a fase de finalização.

Aboubakar - Não foi feliz, desta vez, em termos de finalização, e até teve situações potencialmente bem acessíveis. No entanto, voltou a demonstrar como a sua utilidade vai para além do último toque, participando de novo de forma útil no jogo da equipa.

Benfica
Nelson Semedo - Não fiquei muito impressionado com a sua estreia, na supertaça, mas sou da opinião de que, de lá para cá, tem sido das unidades de maior rendimento do Benfica. Esse destaque justifica-se essencialmente pela sua influência ofensiva, mas neste jogo foi protagonista pela sua capacidade de intervenção defensiva. Não se pode dizer que não teve problemas perante Brahimi, mas saiu claramente por cima nesse duelo, sobrando-lhe ainda margem para intervenções, nomeadamente junto dos centrais, sendo apenas superado por Jardel no que ao número de intercepções/duelos ganhos diz respeito. Não sei o que fará no restante da temporada, mas para já sou da opinião que é o lateral direito com melhor rendimento do campeonato.

Eliseu - Fez, também, um jogo regular, mas esteve muito longe do protagonismo e destaque justificados por Nelson Semedo. Ofensivamente, teve mais participação do que o seu homologo da lateral direita, mas sem qualquer utilidade prática.

Jardel - Não foi suficiente para evitar alguns sobressaltos e, no final, a derrota no jogo, mas realizou um jogo que me parece muito positivo pela capacidade de intervenção que revelou na sua zona, afirmando-se como o jogador que mais destaque justifica a esse nível, entre as duas equipas.

Luisão - Incrível o contraste com Jardel, no que respeita à capacidade de intervenção. É claro que boa parte dessa diferença se pode justificar pelas próprias circunstâncias do jogo, mas não me parece que por aí se possa explicar tudo. No lance do golo, e na minha leitura, devia ter condicionado melhor o espaço interior, mas revelou muitas dificuldades na recuperação e acabou completamente fora do lance. Como nota positiva, o facto de ter ganho o duelo aéreo na origem da melhor situação de golo da equipa, ainda na primeira parte.

André Almeida - Foi a novidade do jogo, e não creio que se tenha dado mal. Melhor defensivamente, com menor capacidade de ligação de jogo com bola, mas não foi seguramente por ele que a equipa não se impôs mais em termos territoriais.

Samaris - Supostamente era a unidade com mais responsabilidade de emprestar qualidade ao centro do meio campo, mas esteve muito longe de o conseguir no jogo. Começando pelo aspecto ofensivo, poucas vezes conseguiu ligar o jogo da equipa. É certo que o contexto colectivo não era o mais acessível, mas a sua performance foi demasiado modesta para que essa seja uma atenuante com significado. No mínimo, esperava-se que se distinguisse de Almeida a esse nível, e isso na minha opinião não aconteceu. Depois, defensivamente, também se revelou pouco reactivo e capaz de intervir mais vezes na zona da bola, o que se reflectiu não só num número reduzido de intervenções como numa desvantagem decisiva em alguns dos lances mais importantes do jogo. Por exemplo, no lance que termina com a bola no poste, após cabeceamento de Aboubakar, está inicialmente na linha defensiva, mas abdica de acompanhar a trajectória da bola, com o avançado portista a finalizar precisamente na zona que Samaris poderia ter ajudado a controlar. Depois, em nova situação de golo, com Aboubakar a ficar na cara de Júlio César, perde o controlo sobre André André, que foi mais reactivo ao longo do lance e acabou melhor posicionado para abordar um ressalto.

Gaitan - Foi dos jogadores que mais ofereceu à equipa na ligação do jogo e também contribuiu positivamente em termos defensivos. Tudo somado, porém, foi pouco para aquilo que dele se espera.

Gonçalo Guedes - Fez um jogo disciplinado defensivamente (ainda que um número reduzido de intervenções efectivas, ao contrário do que possa parecer) e esteve inclusivamente em algumas das situações com maior visibilidade no jogo. Ainda assim, parece-me uma performance demasiado modesta para justificar grandes elogios. Em particular, creio que uma equipa como o Benfica se deve exigir uma unidade com maior capacidade para ajudar a equipa a ligar as suas fases ofensivas, coisa em que Gonçalo Guedes contribuiu em muito pouco. É possível que o futuro me venha a provar errado, mas para já parece-me uma aposta bastante forçada para uma equipa com as exigências do Benfica.

Jonas - Percebe-se o quão a equipa depende dele e por isso a expectativa é sempre muito elevada (é curioso recordar que foi suplente não utilizado no clássico da época passada!). Claramente, porém, Jonas desta vez não foi capaz de corresponder na dimensão que lhe é habitual. Foi dos jogadores que mais contribuiu para as poucas ligações ofensivas que a equipa conseguiu, e teve também um bom contributo defensivo, fruto do esforço que notoriamente realizou para auxiliar a equipa nos mais diversos capítulos. Para o seu nível, porém e como escrevi atrás, foi pouco. Ainda assim, claramente, trocar Jonas por Talisca com mais de 15 minutos por jogar num clássico com esta importância é uma decisão a meu ver, para lá de discutível, incompreensível!

Mitroglou - Já confessei não ser um grande adepto das prestações que o grego vem realizando pelo Benfica, essencialmente pelo excessivo foco na presença de área. Ainda assim, reconheço que vem pontualmente melhorando no seu envolvimento, e neste jogo em particular foi dos elementos mais úteis nesse aspecto. Nota ainda para o facto de ter conseguido vencer alguns duelos aéreos na área, onde de facto é forte, mas não o tendo praticamente feito fora dela.

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