6.2.07

Sporting x Nacional - Dominar sem Controlar

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Face à “deixa” dos adversários era a vez do Sporting entrar em cena para um acto que se esperava de difícil interpretação. Os ‘Leões’ vinham de dois empates e o momento não não inspirava grande confiança (lembram-se da pergunta com que foi abordado Paulo Bento na conferência de imprensa anterior ao jogo: “Seria este o pior momento da época?”).
Não é surpresa e a estatística confirma-o: o Sporting apresenta principais problemas nos seus processos ofensivos sendo, por outro lado, uma formação sólida e consistente a defender. Ora, o que se viu em Alvalade foi, neste contexto, uma actuação atípica do Sporting de Bento. Mais dominadora do que controladora, a equipa combinou um futebol ofensivo dinâmico e criativo com uma surpreendente incapacidade de reacção à posse de bola adversária (convém aqui fazer um parêntesis para assinalar que o Nacional de Carlos Brito é uma das equipas que melhor circula a bola no panorama da Liga). O Sporting é, na sua essência, uma equipa que procura – através da sua zona pressionante – “arrastar” os adversários para zonas laterais onde consegue uma superioridade numérica que lhe permite recuperar muito facilmente a posse de bola – no Sábado isso não aconteceu.
O jogo corria bem ao Nacional e tudo estava encaminhado para um regresso às vitórias em Alvalade. Há, no entanto, momentos em que o futebol perde tudo o que tem de lógico e racional, tornando-se essencialmente emocional, um estado de espírito. É nesses instantes que muitas das partidas se decidem e que os mais fortes se evidenciam – foi isso que aconteceu! O Sporting arriscou e acreditou e – mais importante ainda – soube aproveitar o climax emocional da partida para vergar a oposição: o futebol é assim e é esta intensidade e imprevisibilidade emocional que faz dele o fenómeno que nos apaixona!

Lance Capital – “arrastar” o lateral
O lance do segundo golo do Sporting surge a partir de uma situação em que raramente se consegue tanta facilidade de progressão. Em ataque organizado o bloco defensivo do Nacional é “desmembrado” por dois acontecimentos simultâneos: o aproveitamento de Polga de uma ausência de pressão sobre a bola e o “arrastamento” de um lateral – Patacas – que fez o acompanhamento a Yannick Djaló. O Sporting vai conseguir em três passes e usando o corredor central fazer um invulgar golo em que o avançado só tem de “encostar”.






- No primeiro momento é visível a marcação individualizada que existe por parte dos jogadores do Nacional. As linhas de passe são todas tapadas a Anderson Polga, não havendo no entanto um bloqueamento à sua progressão. A iniciativa de Polga é determinante para “queimar linhas” no bloco Nacionalista e dar origem ao que se vai seguir. Outro aspecto essencial ocorre com o acompanhamento de Patacas a Yannick, libertando a sua zona “natural” que se abre à progressão de Romagnoli.
- No segundo momento percebe-se como é desequilibrada a defensiva madeirense. Chainho “larga” o seu homem (Romagnoli) para obstruir o avanço de Polga. É neste momento que se assiste ao desespero de Patacas – o lateral apercebe-se da investida de Romagnoli, “largando” Djaló na tentativa de recuperar a sua zona (vê-se inclusive a mão de Patacas a tentar alertar os companheiros para o perigo que representa Romagnoli).
- O terceiro momento serve de confirmação ao que o “desnorte” de Patacas parecia antecipar... A bola é endossada a Yannick, motivando novo inverter de marcha de Patacas. É tarde demais, a linha de passe está criada e Romagnoli vai ter uma liberdade proibitiva.

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