2.12.06

Sporting X Benfica - Acordar cedo...

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No dia em que a história do “derby” completava 99 anos, Alvalade acolheu mais um desfecho clássico com a vitória da equipa que, à partida, estava “menos bem”. Sem ser uma fatalidade, este é um destino invulgarmente regular para um jogo que tem na sua tradição grande parte da história do Futebol Nacional.

Estruturalmente não houve surpresas. Miccoli venceu o improvável contra-relógio da recuperação e o Benfica apresentou o seu onze “do momento”. Já Paulo Bento introduziu de início os discutíveis Romagnoli e Bueno sem, no entanto, beliscar a sua disposição esquemática habitual. De resto, o jogo não foi ao encontro das expectativas dos “mais tácticos”, com a tão projectado “guerra de losangos” a ser definitivamente condicionado pelo golo madrugador do rejuvenescido Ricardo Rocha. O efeito da machadada inicial não poderia ter sido melhor para os encarnados, levando o seu rival ao pior dos pesadelos – jogar dentro de área. O Sporting passou de imediato à reacção vencendo os duelos no meio campo e chegando sem grandes problemas ao altamente “empernado” último quarto de campo. É, porém, precisamente aqui que aparece a grande limitação do actual jogo verde-e-branco, associando à irreconhecível desinspiração de Liedson uma, já diversas vezes evidenciada, falta de “poder de fogo” naquela zona (relembre-se, por exemplo, o jogo com Bayern).
Ainda que jogando em contranatura, o Benfica conseguiu ser altamente perigoso nas raras vezes que conseguiu chegar perto da área de Ricardo. Numa delas, Custódio foi um “peixe demasiado fora de água” para tanta classe de Simão – 0-2! Assim, o bloco baixo tornou-se cada vez mais um aliado do cronómetro, num dueto que pareceu sempre suficiente para garantir os 3 pontos...

Referi-o antes do jogo, na Figueira o Sporting denotou – talvez pela primeira vez na era Paulo Bento – uma dispersão colectiva preocupante, com os jogadores a não revelarem os mesmos índices de intensidade (concentração, entenda-se) colectiva de outras partidas. Este é um aspecto que voltou a ser evidente durante a segunda parte do jogo, com correrias individualizadas e passes precipitados. A razão deu lugar a uma emoção inundada de ansiedade e frustração e o jogo morreu, para o Sporting, aos 15 minutos do segundo tempo. Prova evidente: a expulsão de Polga... Qual foi a última vez que um jogador do Sporting foi expulso de forma tão displicente?

Lance Capital – a “machadada” de Ricardo Rocha

Se há um momento que marca definitivamente o decurso do jogo é o primeiro golo. Para o Sporting é mais um golo de bola parada que é concedido (Atenção, são já 6 golos de bola parada – 4 de canto – num total de 9 golos sofridos para o campeonato), para o Benfica é mais um golo de canto conseguido no terreno de um candidato.
Facilmente se apontará o dedo a Polga no lance do golo. É ele que acompanha Ricardo Rocha, mas será mesmo assim?






Quando o canto parte, são evidentes as marcações individuais no centro da área e uma marcação zonal feita por João Moutinho a uma zona que é fundamental neste tipo de lances. A zona assinalada, e onde está inicialmente João Moutinho, será aquela onde Ricardo Rocha irá finalizar. O papel desempenhado por Katsouranis – é o seu movimento que vai desposicionar João Moutinho.

No segundo momento é possivel ver que João Moutinho faz um movimento de aproximação a Katsouranis (talvez querendo evitar o que sucedeu no Dragão). É este movimento, independente da trajectória da bola que vai possibilitar que Ricardo Rocha possa finalizar na tal área fundamental.

Finalmente, no momento do remate de Ricardo Rocha, vemos que a zona inicialmente ocupada por João Moutinho aparece agora livre. O central finaliza após o “engodo” de Katsouranis.

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