Nos dizeres do senso comum, ganha o “derby” quem estiver pior... Ainda assim serão poucos aqueles que, em jeito de antevisão, o arriscam prever. Neste primeiro “derby” (oficial) da época os papeis são claros: um Sporting duplamente favorito – joga em casa e está melhor – e um Benfica que, como é unanimemnte reconhecido, arrisca o “tapete” no campeonato em caso de derrota...
Não bastasse a delicadeza da partida, o Benfica viu-se ainda privado do seu mais apreciado elemento: o ‘piccolo’ Miccoli. A ausência do Italiano abre um mistério em torno do seu substituto... O óbvio - posição-por-posição - seria Kikin mas não é expectável que Fernando Santos se volte a aventurar na utilização do Mexicano... De resto – e até pelo que referiu o treinador no lançamento do jogo – a estrutura deverá manter-se, com o Benfica a actuar no mediático “esquema do losango” (4x1x2x1x2). Aos encarnados não resta outra hipótese que não seja entrar na luta do “pressing”. Vencer os duelos a meio campo e partir para os desequilíbrios através de recuperações e transicões "altas". A alternativa de “dar o jogo” ao Sporting poderá ser fatal numa equipa pouco talhada para o jogo posicional com transições em profundidade.
Finalmente, duas reflexões sobre o onze a apresentar... No triângulo ofensivo, a utilização de um novo 10 poderá implicar a colocação de Simão mais próximo de Nuno Gomes – pode ser um erro! Simão é um jogador de espaços largos e deverá jogar aberto (ou pelo menos ser solicitado nessa condição). Por último, tendo em conta a tendência canhota do jogo adversário e as lacunas posicionais do seu lateral, arriscará o engenheiro nova utilização de Nelson?
Em Alcochete, os “bar” da pressão foram durante a semana bem menores. Esta é uma primeira vitória para quem também muito joga nesta partida... 5 pontos do líder e o afastamento da Liga dos Campeões não serão, apesar de tudo, um bom cenário!
Para Paulo Bento será mais uma vez urgente contar com a sua “formiga atómica”: João Moutinho. Como médio de transição ele será insubstituível, tal a velocidade e lucidez com que restitui os equilíbrios no meio campo. No Sporting não antevejo surpresas... Mais jogador, menos jogador, a equipa terá um flanco mais ofensivo e dinâmico (previsivelmente o esquerdo) e outro mais posicional. Priviligiará o equilíbrio em detrimento do desequilíbrio e orientará o jogo para as suas “zonas ratoeira” – ou seja zonas onde a vantagem numérica leva ao estrangulamento do jogo adversário. Os triângulos e diagonais na lateral, oscilarão com abordagens mais directas, compondo as peças do puzzle do seu jogo ofensivo.
Sobre o Sporting há ainda uma reflexão apreensiva: com Liedson desinspirado, João Moutinho condicionado e perante os sinais dados na Figueira da Foz (quase 1 hora de dispersão colectiva), será este realmente o melhor momento para o “derby”?
Para abrir o apetite, deixo os golos que decidiram as últimas vitórias de cada uma das equipas em alvalade: Liedson e Geovanni.