O resultado permite sempre exacerbar méritos de vencedores e deméritos de vencidos, e quase sempre isso que acontece, mas na minha opinião há uma diferença significativa de caso para caso. Desde logo, por exemplo, do recente 1-3 para este. Desta vez, realmente, creio que houve uma diferença contínua de qualidade na afirmação das respectivas propostas de jogo. O mais desequilibrado desde o 5-0? Para mim, e se tivermos em conta a globalidade dos 90 minutos, sim.
Sem me querer alongar muito, o que penso que prejudicou o Real, neste mais do que em outros casos, foi a incapacidade de conseguir extrair qualidade nos momentos em que teve bola. Não quantidade porque essa não se discute, mas qualidade. Se a tentasse ganhar mais à frente, como fez em alguns jogos da série do ano passado, faria sentido a verticalização como regra. E, olhando à composição do onze, Mourinho preparou mesmo a equipa para verticalizar. Assim, recuperando mais baixo, era importante ter mais critério e capacidade para oscilar entre a verticalização e a opção de levar o jogo até ao meio campo contrário, sem risco constante de perda. Podia não criar sempre perigo, mas obrigaria o Barça a baixar mais vezes, podendo depois defender a partir da reacção à perda, entrando mais vezes naquele que é, afinal, o seu jogo habitual. Mas, continua a dúvida, não sobre a qualidade do Barça com bola, mas sobre o porquê das outras equipas conseguirem jogar tão pouco. Particularmente, estranha ver uma equipa com a qualidade do Real Madrid (não me sobram dúvidas de que se o Barça de Guardiola é o melhor de sempre, o Real de Mourinho não fica muito atrás na hierarquia da História) tremer tanto com a bola nos pés. O mérito do Barça é enorme, mas explicará tudo? Ou haverá um constrangimento emocional? Seja como for, não estou convencido de que não seja possível fazer mais...
Do lado do Barça, a grande novidade para estes clássicos, reside em Alexis. No ano anterior também vimos Pedro ou Villa por dentro, mas com o chileno há um baile constante com os centrais no limite do fora de jogo. Sempre que a construção liberta um jogador de frente para ele, Alexis ameaça, e muitas vezes vai mesmo. É, no fundo, a resposta estratégica de Guardiola ao previsível sufoco "entrelinhas" e à obsessão com Messi.