12.10.06

Polónia - Portugal - Quando se joga de "Smoking"

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O calendário era exigente – especialmente tendo em conta a pré época limitada pela alongada presença no Mundial – mas exigia-se mais... As viagens nórdicas indiciavam, desde logo, dificuldades causadas por adversários para quem o físico e a velocidade ditam leias sobre os virtuosismos técnicos – assim foi. Na Dinamarca era a brincar, na Finlândia ficamos com menos 1, mas na Polónia foi apenas... mau!

A teia de Beenhakker
Qualquer resultado que não fosse a vitória deixaria os Polacos desde já muito longe do apuramento. Esse aspecto aliado ao prestigio mundial que do adversário tornou a partida num vulcão de enorme intensidade emocional para os Polacos. O velho Leo não foi de modas e colocou a sua equipa a jogar em apenas 30 metros, dando a iniciativa a Portugal e montando um bloco super-agressivo entre a linha de meio-campo e a sua área (a linha de fora de jogo tinha como objectivo que Portugal nunca “alongasse o campo” até essa zona). Com Portugal em posse de bola e a perde-la na “teia-Polaca”, lançar-se-ia depois o ataque em transições rápidas e rectilinias.

Se o problema de Beenhakker poderia ser como chegar ao primeiro golo, os Portugueses rapidamente o resolveram... Dois erros clamorosos desequilibraram a balança emocional da partida e, de repente, o vulcão Polaco estava em erupção. Com pouco espaço para jogar exigia-se que Portugal tivesse a clarividência para circular a bola em largura, obrigar os Polacos a correr e, depois, explorar o tal espaço valioso que eles deixavam nas costas do “fora de jogo” – não o fez. Pior do que isso (na minha opinião) foi a falta de agressividade demonstrada – o pouco espaço útil que havia para jogar no meio campo Polaco, aumentava as divididas entre os jogadores. Nessas condições é essencial que haja agressividade e determinação nos duelos, sob pena de quase invariavelmente os ver perdidos. Talvez influenciados pelo “Maillot” negro e justo que vestiam, nunca houve atitude de “fato de macaco” do lado Luso e isso foi a grande vantagem dos Polacos, especialmente depois de conquistada a vantagem no placard.

Após a partida... o sangue! Scolari recebeu criticas várias mas poucas, digo eu, com algum nexo: Será que Portugal perdeu por causa das declarações cautelosas (e justificadas, pelos vistos) do Seleccionador? Será que foi a escolha de Petit em vez de Maniche? Ou talvez os 10 minutinhos mais que Nani poderia ter jogado?... Não me parece. Se ao menos se falasse da agressividade, da concentração ou da atitude demonstrada, talvez alguém pudesse ser beliscado, assim...

Lance Capital – Quando se esquece a zona...



Cada vez mais se tem falado no tipo de marcação que é feito pelas formações do futebol moderno: homem-a-homem, zona, zona-mista, zona pressionante, etc. Actualmente, as grandes equipas previligiam nos seus processo defensivos a referência da zona e da bola em deterimento da referência homem. No primeiro golo da Polónia ocorreu um erro deste tipo de abordagem à jogada por parte de Petit...

- Quando a jogada se inicia está criado um triângulo Polaco de atracção a Nuno Valente, puxando o lateral esquerdo para a linha e abrindo um espaço no interior – Note-se o distanciamento entre a zona da bola (1) e o trio mais recuado (2). Nesta situação, Petit está mais preocupado com a ocupação do espaço central do que a basculação lateral.
- O espaço criado é aproveitado pela entrada do jogador Polaco, surgindo aqui o erro na abordagem de Petit... O trinco que ocupava inicialmente a zona central, procura um acompanhamento desesperado do adversário (3). Ao mesmo tempo, Ricardo Rocha efectua o movimento de cobertura da zona explorada (4). Está criada uma situação de 2x2 na centro, sem protecção da zona de área.
- No momento do cruzamento, Petit está numa posição comprometedora (5), sem capacidade para auxiliar a zona central. Curiosamente, Miguel parece antecipar o que se vai seguir abrindo os braços em desespero perante a descompensação naquela zona (6). Smolarek vai amortecer para um jogador que aparece na zona livre e o resto é o que se sabe...

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