23.10.14

Notas da Champions #3

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Schalke - Sporting
Um jogo muito atípico, por vários factores. Desde logo, as muito polémicas decisões da arbitragem, que não só condicionaram o curso do jogo, como o próprio resultado. Depois, a eficácia absolutamente invulgar das duas equipas, o que sugere algumas conclusões equivocadas, se nos deixarmos levar apenas pelo resultado. Com o 4-3, e da perspectiva do Sporting, tender-se-á a enfatizar os problemas defensivos e os méritos ofensivos da equipa. Na verdade, porém, nem o Sporting concedeu ao Schalke grandes ocasiões, nem o seu ataque se revelou especialmente capaz, durante o jogo. O resultado é, também a este propósito, muito enganador, porque o Schalke fez 4 golos tendo criado muito pouco para tal, e o mesmo se poderá dizer da prestação ofensiva do Sporting, que em termos de proximidade real com o golo se resumiu ao que está espelhado no marcador final. Aqui, parece-me mais normal que o Sporting tenha tido dificuldades em criar ofensivamente, num jogo em que esteve tanto tempo em inferioridade numérica, mas esperavam-se mais dificuldades defensivas, o que manifestamente não aconteceu, por muito que o resultado sugira o oposto. Sobre este último ponto, duas notas: a primeira sobre o Schalke, que me parece muito diferente da mentalidade que tinha, com a chegada de Di Matteo, tendo feito um jogo muito fraco para as suas potencialidades. Depois, sobre o próprio Sporting, que teve muito menos problemas do que é hábito, muito devido ao facto da equipa, em inferioridade numérica, se ter aventurado muito menos em termos de presença pressionante, o que implicou uma maior compacidade do bloco e, consequentemente, uma melhor protecção da linha defensiva. Para o Sporting, e por muito injustiçada que a equipa se sinta, as aspirações de apuramento estão irremediavelmente complicadas, mas a equipa tem ainda hipóteses de o discutir na última jornada, caso vença os dois jogos caseiros que se seguem.

Porto - Bilbao
O Porto conseguiu uma vitória importante e que face aos outros resultados do grupo torna o apuramento praticamente certo. Essa é a melhor notícia que resulta deste jogo, porque há vários aspectos que revelam também um acréscimo de insegurança da equipa, o que se poderá vir a revelar um problema no curto prazo, caso não seja corrigido. Aqui, destacaria dois aspectos. O primeiro tem a ver com a circulação baixa, que aparenta ter ficado afectada pelos maus resultados recentes. Em particular, isto viu-se na segunda parte, quando o Bilbao se adiantou para pressionar em toda a extensão do terreno, e o Porto respondeu não só com pouca capacidade para contornar esse obstáculo, como ainda sem a tranquilidade suficiente para evitar um número preocupante de perdas de bola. O segundo aspecto tem a ver com o processo defensivo, onde o Porto parece-me hoje uma equipa menos compacta do que no inicio de época, nomeadamente com os seus alas a parecerem pouco preocupados com a questão posicional, o que fragiliza depois o conforto da linha defensiva em subir e encurtar o espaço entre sectores (que só pode ser eficazmente encurtado se o bloco estiver compacto, como um todo). À margem de tudo isto, a grande novidade parece ser a aposta em Quintero, que pelo segundo jogo consecutivo assumiu o estatuto de titular, continuando a oferecer uma grande capacidade de desequilíbrio e disfarçando individualmente a pouca vocação colectiva para explorar o jogo interior. Pelo que já escrevi sobre Quintero no passado, compreender-se-á a minha total concordância com esta aposta no jogador.

Mónaco - Benfica
Da visita ao principado não resultou o encurtamento de distâncias pretendido pelas aspirações encarnadas, mas isso não deve servir para que se confundam as coisas. O empate e a exibição não podem, a meu ver, ser consideradas como negativas tendo em conta a dificuldade do desafio. O problema deriva, isso sim, do que não fez nos primeiros dois jogos, onde foi batido de forma clara e sem grande capacidade de resposta. E a este propósito, a prestação europeia do Benfica tem servido para revelar boa parte dos problemas da equipa, e que internamente só mais dificilmente são denunciados pela modéstia da generalidade dos opositores, sendo a conclusão que, claramente, o Benfica está ainda longe do valor que a distinguiu na época passada. A equipa tem unidades ofensivas que lhe acrescentam um enorme potencial, com Gaitan e Salvio à cabeça, mas noutros aspectos do seu jogo revela ainda dificuldades que a impedem de ter aspirações para se superiorizar claramente num grupo tão competitivo como este. A esperança dos benfiquistas residirá na capacidade de Jesus voltar a fazer evoluir a sua equipa com o decurso da temporada, e mesmo sendo expectável que isso aconteça, também se pode dar o caso de ser tarde de mais para as aspirações europeias da equipa. É neste cenário que a vantagem pontual já conquistada no campeonato se afigura cada vez mais como uma preciosidade para as aspirações da temporada. No fim de semana, terá um sério teste à sua capacidade de a conservar, e veremos que resposta a equipa é capaz de dar em Braga...

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