22.11.06

CSKA X Porto - Dragão adulto

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O panorama não podia ser animador. À deslocação à Russia, onde frio e ambiente são barreiras históricas, juntava-se a obrigatoriedade de vencer para não ficar de calculadora na mão. Ao Porto pedia-se memória e que pelo menos repetisse a singularidade da vitória conseguida há 2 anos sob circunstâncias curiosamente idênticas...
Sem surpresas, Jesualdo voltou a escalonar o “triangulo dos jogos dificeis” composto por Assunção, Meireles e Lucho. De resto, a única alteração menos previsivel em Moscovo foi mesmo a reentrada de Fucile – um destro que vai ganhando espaço à esquerda, num claro torcer de nariz às capacidades de Cech.

Ao sempre afortunado mérito de quem marca cedo, o Porto juntou uma superioridade que diferenciou as equipas nos restantes 88 minutos da partida. Não bastasse a própria classe, o Porto ainda contou com os pés dos jogadores Russos, quais cubos de gelo no trato da bola durante o primeiro tempo. Os dragões perceberam, ganharam confiança, subiram o bloco (inicialmente disposto em posicionamento médio-baixo) e acrescentaram-lhe a agressividade que se exigia. Assim e contrariando o termómetro, o jogo prosseguiu em toada morna com os azuis-e-brancos a acrescentar oportunidades ao dominio territorial exercido. Ao intervalo o resultado surpreendia apenas pela avareza do placard.
Talvez ferido no seu orgulho de recém sagrado bi-campeão russo, o CSKA apareceu mais esclarecido no segundo tempo. Face a uma posse de bola mais precisa, o bloco portista voltou ao posicionamento original, temendo quaisquer ameaças russas junto de Hélton... Os indicios de dificuldades duraram apenas 15 minutos, altura em que “El Comandante” doou à equipa a tranquilidade para uma exibição de “Lucho” com mais uma pranchada à entrada da área. Ao resto do jogo a performance do Porto retirou o tempo e no final, mais uma vez, o resultado foi apenas escasso...
Como nota final acrescentar apenas dois pontos:
1- A qualidade da posse de bola do Porto. É, talvez, o principal mérito da equipa: Quando conquista a bola o Porto decide normalmente bem, ora lateralizando para buscar o espaço para jogar, ora progredindo para dar profundidade à transição. Por isso, quando funciona sem bola, o Porto se torna tão forte.
2- Se o crescimento exibicional do Porto se deve em boa parte à crescente capacidade da equipa em ser agressiva sem bola, não se deve ignorar os progressos no último terço do campo. Quaresma desequilibra a cada jogo, atraindo opositores para depois cruzar no espaço que fica livre. Postiga aparece finalmente confiante na hora de rematar e acrescenta ao jogo as suas qualidades a jogar como “pivot”. Por último, Lisandro tem conseguido dar complementaridade a uma entrega que tantas vezes pareceu insipiente.

Lance Capital – A inteligência de “El Comandante”
No lance do segundo golo há dois aspectos que saltam à vista. Um tem a ver com a capacidade atractiva de Quaresma, fazendo-se rodear de adversários para depois solicitar espaços em que estes, naturalmente, não estão (reparem, por exemplo que no primeiro golo frente à Académica sucede exactamente o mesmo)... O outro, e o que aqui trago, relaciona-se com a notável leitura que Lucho Gonzalez faz no jogo ofensivo. É a sua qualidade por excelencia e o aspecto que torna “El Comandante” num médio goleador.





Num primeiro momento, enquanto Quaresma trabalha a bola, Lucho tem duas áreas de possível desmarcação. A primeira e mais previsivel por ser mais próxima da baliza (assinalada a vermelho) vai ser ignorada em favorecimento de uma segunda que, estando desocupada irá ser fundamental.



No segundo momento, é evidente o fantástico trabalho de Quaresma (neste momento estão 5! defensores a cobrir a área em seu redor) que se prepara para cruzar. Neste momento Lucho já recuou e Lisandro parece preparado para assistir o seu compatriota, num exercicio quase premonitório.



Finalmente, completando um movimento atipico e que define a inteligência de um jogador, Lucho finaliza com qualidade a assistência de Lisandro.
(Note-se que à semelhança do que aconteceu frente à Académica, Postiga está solto ao segundo poste).





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