28.2.14

Liga Europa (apuramentos de Porto e Benfica)

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- O principal destaque da jornada vai, obviamente, para o resultado do Porto na Alemanha (os dados estatísticos estão em baixo). É um sucesso que encontra relevância, sobretudo, no contexto actual do clube, e em particular na falta de confiança que se abateu recentemente sobre a equipa. No que respeita ao jogo propriamente dito, no entanto, o apuramento não é suficiente para que se façam grandes elogios à qualidade do futebol apresentado. Aqui, a atitude e entrega terão compensado alguma falta de lucidez colectiva e, sobretudo, uma série de erros individuais que são pouco comuns em vários jogadores. Colectivamente, parece-me que o Porto pagou caro o erro de não se ter preparado convenientemente para a forma como o seu adversário ataca, sempre com muita gente, a zona de finalização. Foi sobretudo por aí que se complicou, ainda mais, a situação. O lado mais positivo da exibição é, evidentemente, a reacção final da equipa, em particular quando forçou um jogo mais directo, apelando à presença aérea de Jackson e Ghilas. A má notícia, porém, é que deste indício não resulta qualquer solução para os actuais problemas do futebol portista, já que não será certamente desta forma que o Porto irá abordar os seus próximos jogos. Individualmente, é-me difícil compreender a exibição de Jackson, com Carlos Eduardo a aparecer também num plano bastante medíocre (o que, ainda assim, não impediu que se mantivesse em campo durante 90 minutos). Em contraste, pela positiva destacaria: Mangala, claro, porque apesar da bipolaridade da sua prestação, o saldo é francamente positivo, Fernando e Danilo.

- Bem mais esperada a qualificação do Benfica. Convém, no entanto, que a facilidade do apuramento não se confunda com a desvalorização do Paok. Sobretudo para quem tem como referência o campeonato português, seria muito injusto fazê-lo, tanto para os gregos, como para o próprio Benfica. Seja como for, estão confirmados dois embates de enorme interesse na ronda seguinte, envolvendo Porto e Benfica. Isto, claro, mesmo tendo em conta que qualquer destas quatro equipas jogará sempre com um olho nas competições internas, onde reside a prioridade de todos.


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27.2.14

Champions, oitavos-de-final (IV)

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Schalke - Real Madrid
Na semana passada, a propósito do que se passou no Leverkusen-PSG, tinha antecipado a possibilidade de uma derrocada germânica neste jogo e, mesmo assim, posso dizer que fiquei surpreendido com a facilidade com que o Real Madrid foi, sucessivamente, ultrapassando a barreira defensiva alemã. Foram 6, o que não é pouco, mas podiam ter sido bem mais!

Na base do problema esteve, novamente, a abordagem táctica caseira. Não se repetiu a postura 'kamikaze' da primeira fase de pressão do Leverkusen, é certo, mas dentro do bloco e entre sectores, o Schalke mostrou desde cedo fragilidades que, a este nível e perante este adversário, só podiam ter um custo desta magnitude. Em particular destaque, a forma como a linha defensiva foi flagrantemente exposta, ora pelo risco assumido na profundidade, ora por falta de apoio da linha média às zonas fundamentais, ora pelo espaço entre os elementos do próprio sector mais recuado. É evidente, aqui, que o contexto é fundamental, e é sempre em face do mesmo que sustento estas apreciações qualitativas. Ou seja, este tipo de comportamentos podem ser - e são de facto, pelo que se vê na tabela - suficientes para a generalidade das equipas da Bundesliga, mas uma coisa é defender Nicolai Muller ou Okazaki (Mainz), outra, bem diferente, é controlar um tridente com a qualidade de Bale-Benzema-Ronaldo!

Sobre o Real, é evidentemente um candidato de primeira linha à conquista da final de Lisboa. Reconhecendo o potencial extraordinário da sua linha ofensiva - apenas com paralelo no rival catalão - tenho ainda algumas reservas em relação a alguns aspectos do jogo madrileno. São impressões que me sobram dos jogos que vi, mas como foram poucos não me quero alongar sobre elas...

Galatasaray - Chelsea
Quando se diz que o Chelsea é um candidato a ter em conta nesta prova, não se pode - nunca! - estar a comparar o potencial ofensivo da equipa com formações como Barça, Real, Bayern ou mesmo PSG. Neste sentido, não era razoável esperar uma exibição autoritária da equipa de Mourinho em Istambul, à imagem do que aconteceu noutros jogos destes oitavos-de-final. Para o Chelsea, o caminho terá de ser sempre em sofrimento, degrau a degrau, mas é certo que em qualquer eliminatória e perante qualquer adversário, os 'blues' têm uma hipótese real de sair vencedores. Uma situação que, aos meus olhos, é semelhante à de Atl.Madrid e Dortmund.

O jogo foi interessante, ainda que ambas as equipas tenham mostrado que têm muito por onde evoluir. Sobretudo o Galatasaray, claro, que cometeu mais erros na fase de construção e mostrou mais lacunas em termos de organização e maturidade colectiva. Uma evidência da superficialidade do modelo de jogo turco é, na minha óptica, a forma como Mancini trocou de sistema, como quem troca de camisa, a meio do jogo. A alteração, sendo justo, foi até bastante útil para as aspirações da equipa. O ponto aqui, porém, é que tanto num sistema como noutro o Galatasaray mostrou muito pouco em termos de evolução das dinâmicas colectivas, e por aí se pode explicar também a leveza com que o treinador muda de sistema a meio de um jogo com esta importância. Afinal, a única vantagem de não se ter grandes dinâmicas colectivas assimiladas, é que há pouco a perder quando se mudam as referências colectivas (sistema).
Ainda sobre a mudança táctica, o que sucedeu foi que Mancini começou por jogar em 4-4-2, com Drogba nas costas de Burak. O comportamento ofensivo da equipa passava por projectar os dois laterais e enfatizar a construção pelo corredor central, nomeadamente com o envolvimento dos dois médios e com Drogba como elemento de ligação, entrelinhas (uma função que, sinceramente, me parece desprezar completamente os pontos mais fortes do marfinense). Ora, quando se projecta os laterais a ideia é, geralmente, aumentar a presença no corredor central, nomeadamente pela dinâmica interior dos extremos. Coisa que, no caso do Galatasaray pouco ou nada se viu, e que por isso acabou por redundar numa perda de soluções de passe no corredor central. Assim, quando Mancini mudou para 4-1-4-1, introduzindo mais um médio, fixando Drogba na frente e abrindo Burak, a equipa passou a ter mais uma unidade na fase de construção, o que lhe permitiu pelo menos ter mais apoios na circulação baixa. Assim, e sem que alguma vez tivesse verdadeiramente colocado o Chelsea em sobressalto, o Galatasaray conseguiu pelo menos maior domínio territorial, empurrando a equipa de Mourinho para o seu meio-terreno, algo que na primeira meia hora não tinha acontecido.
Quanto ao Chelsea, foi também um jogo relativamente modesto, onde se destaca a organização defensiva e, também, o envolvimento defensivo de toda a equipa - destacaria, por exemplo, os papeis de Torres e Schurle, neste particular. Com bola, a opção passou quase sempre por uma construção longa, frequentemente usando o jogo aéreo de Ivanovic como referência. É verdade que Mourinho retirou alguma eficácia desta iniciativa, mas também é um facto que o potencial deste tipo de jogo é relativamente limitado para uma equipa com o estatuto do Chelsea. É sobretudo neste capítulo que tenho curiosidade em ver a evolução da equipa, em 2014/15. 

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26.2.14

Champions, oitavos-de-final (III)

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Zenit - Dortmund
Se este era o dia menos interessante, dos quatro em que se disputam os oitavos-de-final, em grande parte tal se explica pela presença do Zenit. Torna-se até difícil de entender a falta de qualidade colectiva da equipa de Spalletti, e não deixa de me vir à memória a equipa do Zenit que, em 2008, venceu a Taça Uefa e a Supertaça Europeia com um elenco bem mais modesto, mas com um nível futebolístico incomparavelmente superior.

Tudo começou com dois golos madrugadores, ambos a levantar muitas dúvidas sobre a prestação de Criscito mas, por muito pesado que tenha sido, esse duplo-golpe está longe de explicar tudo o que aconteceu. Em particular, as dificuldades na fase de construção russa, constantemente comprometida pela falta de soluções de passe oferecidas ao portador da bola. Um regalo para o pressing do Dortmund, que foi sempre alicerçando grande parte do seu potencial ofensivo nas recuperações que, sucessivamente, ia conseguindo no meio-campo contrário. A única surpresa é, pois, o facto do Zenit ter conseguido marcar dois golos, num jogo onde não criou um grande número de oportunidades, isto mesmo tendo partido o jogo desde muito cedo.

Sobre o Dortmund, o passado recente - nomeadamente a época passada - mostra como pode ser perigoso desprezar a formação de Klopp. É uma equipa bem organizada, que conta com algumas unidades de grande qualidade - particularmente, Lewandowski e Reus - e que terá condições para dar prioridade total a esta competição, já que o título interno está completamente comprometido. E este costuma ser um pormenor importante na fase final da prova...

Olympiakos - Man Utd 
Se o Zenit parece estar a mais nesta competição, também não se vislumbram, nesta altura, grandes possibilidades de qualquer destas equipas chegar muito longe na prova. Mais normal o caso do Olympiakos, que não faz um investimento nem tem qualidade para que se lhe exijam grandes feitos. Mais surpreendente, e por isso também mais interessante, é o caso do Man Utd.

Começando pelo jogo, convém não ser demasiado resultadista nas críticas a fazer à equipa de Moyes. Isto é, foi evidente a falta de qualidade da equipa, sobretudo na forma como não conseguiu responder ao condicionamento defensivo, estrategicamente definido, do Olympiakos. Tanto na fase de construção como em zonas mais adiantadas, a equipa não apresentou movimentações colectivas que a ajudassem a chegar aos seus objectivos, sendo também notório o mau desempenho individual de vários jogadores, provavelmente pouco confiantes naquilo que estão nesta altura a fazer. Seja como for - e é aqui que se deve fazer alguma justiça - o Olympiakos também não esteve minimamente perto de criar o suficiente para justificar os dois golos que marcou. Aconteceu, como pode acontecer sempre no futebol, mas não foi algo que se tornasse evidente por aquilo que o jogo mostrou.

O debate em torno de Moyes é interessante, embora do meu ponto de vista não exista grande margem para discussão. O United cresceu, e é o que é hoje, em grande parte porque teve a felicidade de contar com um dos melhores treinadores da história do jogo. Não me vou alongar, aqui, sobre a história de Ferguson, que é a meu ver um das mais ricas que o futebol já nos ofereceu e não cabe, certamente, como subcapítulo deste texto, mas não quero deixar de sublinhar que foi, durante muito tempo, menosprezado na sua competência táctica, e é por aí que se explica muito do problema que a equipa vive hoje. Mas, voltando a Moyes e à situação actual, é absurdo comparar-se este seu inicio, como o inicio de Ferguson, nos anos 80. Ferguson chegou a um United destroçado, e tinha como objectivo reerguer o gigante, há muito adormecido. Moyes chegou a um United campeão, e tinha como objectivo mantê-lo nesse nível, tendo tido todas as condições para tal. Não há comparação possível. O problema do United, hoje, passa sobretudo pela pobreza do seu jogo, e por aquilo que a equipa perdeu com a mudança no comando técnico. Uma coisa é dar tempo aos treinadores para que realizem o seu trabalho, outra é não reconhecer a perda de valor que representou uma simples troca no comando técnico da equipa. Para já, e até pela forma como têm aberto os cordões à bolsa, os donos do clube aparentemente não reconheceram o erro na escolha do treinador, mas seria para mim uma enorme surpresa se o autismo relativamente à situação do treinador se mantivesse até ao inicio da próxima época.

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25.2.14

Outras notas da jornada

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- Começando pelo drama do Dragão, a vida de Paulo Fonseca está definitivamente complicada, mesmo que fique até ao final da época. Creio ser essa a intenção do clube (ou, para ser mais preciso, do Presidente), nomeadamente para poder preparar de forma mais ponderada a próxima temporada, mas o treinador precisa de um milagre para sair por cima no final desta experiência, e ele próprio parece estar a precisar de descanso. Já tenho comentado muito a situação do Porto e de Paulo Fonseca. Sem repetir grandes pormenores, parece-me que esta era uma tempestade anúnciada pela gestão do planel nos últimos 2-3 anos, e que o treinador, mesmo que não tenha tido de facto capacidade para atenuar o problema, nunca pode ser confundido com o instigador do problema.

- Já me tinha referido à gestão dos treinadores na Liga Europa, com Jesus e Paulo Fonseca a mostrar prioridades inversas. Na minha leitura, falará aqui mais alto a experiência de Jorge Jesus que, ao contrário de Fonseca, tem anos suficientes para já ter percebido que se paga o desgaste de repetir o mesmo onze 3 vezes por semana. Coincidência ou não, a verdade é que os resultados neste regresso do ciclo europeu são, para já, de grande contraste, entre Benfica e Porto.

- Em Braga, Jesualdo saiu mesmo. Foi uma época que começou por não correr bem, com os primeiros maus resultados a terem uma boa dose de infortúnio, mas a equipa acabou por prolongar o efeito negativo de cada desaire, tendo reagido sempre muito mal às derrotas. Jesualdo, na minha leitura, pecou por não estabilizar um onze, o que ainda se tornava ainda mais apropriado após a eliminação europeia. A verdade é que isso nunca aconteceu, e à excepção de Eduardo e Aderlan, nenhum outro jogador se manteve como titular e na mesma posição. Demasiadas caras novas, e demasiadas mudanças. Mas nem tudo se perdeu na "era-Jesualdo". O Braga ganhou algumas individualidades de grande valor, tendo todas as condições para, ou fazer já excelentes negócios, ou preparar uma grande equipa na próxima temporada. Rafa e Aderlan serão duas das melhores revelações que o clube já teve nas respectivas posições, e surgiram ainda Pardo e Rusescu que, mesmo com um potencial inferior, têm mantido igualmente um rendimento muito elevado. A estes, acresce o bom rendimento dos veteranos Custódio e Alan, em princípio valores seguros no curto prazo. Segue-se Jorge Paixão, para mim uma surpresa e um mistério.

- Uma nota, também, sobre o final da tabela. O Gil Vicente está em queda livre há algum tempo, restando saber até onde poderá ir. Como escrevi na altura, foi um inicio de época muito estranho com muitos pontos ganhos, mas sem correspondência alguma em termos exibicionais. Se, nessa altura, a equipa acumulou alguma confiança após esses primeiros sucessos, hoje não parece ter nada em que se possa agarrar para inverter o ciclo em que se encontra. Desta vez, perdeu em casa do último, mesmo depois de se ter apanhado, muito cedo, em superioridade numérica. O Olhanense mantém-se um candidato à descida, mas parece já não justificar o favoritismo que o acompanhou praticamente desde o inicio de época. Paços, que continua surpreendemente sem se encontrar, e Belenenses, a quem faltam ideias ofensivas, estão também na linha da frente para ficar atrás de todos os outros.

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24.2.14

Rio Ave - Sporting: Opinião e Estatística

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- Como explicar estas estranhas oscilações no futebol do Sporting? Particularmente, como explicar o sucesso do denominado "Plano B" em contextos específicos, sendo que quando foi aplicado de uma forma mais prolongada, os sinais foram absolutamente contrastantes? Receio que, para quem procura uma solução do tipo "chave na mão", a minha resposta não seja particularmente interessante...
No futebol, como em quase tudo na vida, temos a tentação de procurar nexos de causalidade que possam explicar, linearmente, tudo o que vemos. Acontece que essa tentação, quase irresistível para a natureza humana, nos leva com demasiada frequência a um raciocinio que é, do ponto de vista lógico, errado, nomeadamente por procurar a causa a partir do efeito, e não o contrário. No caso do futebol, repetidamente recorremos à táctica como factor universalmente explicativo, ignorando o efeito complexo da interacção de factores que, de forma dinâmica, vão influenciando o jogo. É por isso que fenómenos como o factor casa, ou o facto de haver mais golos nas segundas partes dos jogos permanecem sem ter uma causa claramente identificada, apesar de assumirem uma influência praticamente transversal a todas as equipas e campeonatos. E é neste sentido que a minha resposta para o mistério do "Plano B" do Sporting se revela desinteressante. Ou seja, não me parece que se possa isolar um factor explicativo para as diferenças de resposta da equipa, e tudo terá provavelmente a ver com a complexidade do contexto e não com uma simples alteração táctica que possa, miraculosamente, resolver todos os problemas de Leonardo Jardim.

- Entrando mais concretamente no jogo de Vila do Conde, referir que foi uma vitória importante do Sporting, num campo difícil e com uma reacção, de novo, muito boa à adversidade. Porém, as boas notícias, para o Sporting, acabam aqui, porque olhando para o jogo como um todo a exibição leonina estará muito longe de oferecer garantias para o que quer que seja.
O factor marcante da partida esteve, na minha leitura, na diferença da resposta da equipa em termos de construção, da primeira para a segunda parte, assim como no próprio comportamento do Rio Ave com bola. Na primeira parte, o Sporting havia sentido sempre muitas dificuldades na ligação do seu jogo, o que é mais habitual no que respeita ao corredor central, mas que não o costuma ser tanto, relativamente aos corredores laterais. Em desvantagem, o Sporting passou a arriscar mais na progressão pelo meio, com William Carvalho a emergir no jogo, com Montero a ser referência como apoio frontal e com Mané a acrescentar capacidade de transporte de bola nessa zona. Ainda assim, note-se, o Sporting não forçou nunca um jogo muito directo, servindo-se apenas de Slimani como finalizador e não tanto como referência para a construção - uma solução que, a meu ver e salvo em raras circunstâncias, retira qualidade ao jogo do Sporting. Daí que, desta vez, o tal "Plano B" tenha tido características diferentes do habitual.  Do ponto de vista do Sporting, seja como for, urge encontrar um rendimento mais consistente e menos dependente destes "gritos de revolta" em situações de adversidade. Até porque, ninguém tenha ilusões, no longo-prazo acabarão por ser mais os pontos perdidos do que as reviravoltas.
Convém, aqui, fazer uma referência ao Rio Ave, que recorreu sempre muito ao pontapé longo (muito longo!) de Ederson para a sua construção. É uma opção que me parece razoável num jogo destes, mas que também me parece ter tido uma interpretação não muito bem preparada, do ponto de vista colectivo. Não sei se o guarda-redes procurava um jogador em concreto ou se tentava apenas bater o mais longo possível, o certo é que frequentemente a equipa não pareceu devidamente preparada para disputar as segundas-bolas, já bem dentro do meio-campo do Sporting. Algo que poderá ter sido decisivo para o domínio territorial que o Sporting conquistou no segundo tempo e que, com um uso mais calibrado deste recurso, provavelmente teria complicado bem mais as aspirações da reacção leonina.

Individualidades (Sporting)
Rui Patrício - Mais um bom jogo, apesar do golo sofrido. Particularmente, importante a intervenção da primeira parte que, com a ajuda de Maurício, impediu o golo do Rio Ave. Tem sido um dos pontos fortes do Sporting neste campeonato e, provavelmente mesmo, o melhor guarda-redes da prova.

Cedric - Já várias vezes o elogiei nesta temporada, mas desta vez fez um jogo simplesmente desastrado. Em particular, com bola, teve um desempenho técnico muito mau, com várias decisões questionáveis, bombeando repetidamente a bola em profundidade, mas quase sempre sem propósito. Defensivamente, por outro lado, não há muito a apontar e confirma a melhoria observada esta época, nomeadamente em termos posicionais.

Jefferson - Se, do outro lado, Cedric esteve mal, Jefferson pouco melhor esteve. Um pouco mais consequente com bola, é certo, mas também à custa de muito risco, optando por conduzir a bola em situações de risco, algo que foi repetindo até se dar a perda que custou um golo à equipa. Também defensivamente, não esteve isento de erros e acabou por salvar a sua exibição pelo decisivo cruzamento para o golo, numa jogada em que tirou partido da má abordagem defensiva de Pedro Santos, antes de cruzar.

E.Dier - De longe, a melhor exibição que lhe vi fazer esta época. Irrepreensível a defender, com várias intervenções fora da sua zona, e desta vez sem comprometer a equipa a construir. Neste registo, sim, é possível perspectivar que Dier venha inevitavelmente a conquistar o seu lugar na equipa. Mas terá sempre de ser a partir das bases, do que é fundamental para um central, e nunca do que é acessório e muitas vezes descontextualizado das orientações colectivas. Veremos que continuidade dará...

Maurício - Não teve de sair tanto da sua zona, comparativamente com Dier, mas esteve igualmente eficaz e interventivo nas suas acções defensivas. Foi manifestamente infeliz no lance do auto-golo, tendo inclusivamente definido muito correctamente o posicionamento numa situação díficil, de inferioridade numérica, mantendo-se na linha de passe para o cruzamento. Único reparo para uma perda de bola na primeira parte, quando quis forçar a entrada da bola em William Carvalho.

William - Não foi um jogo extraordinário, e começou até por ser uma exibição bastante modesta, onde a sua influência no jogo foi escassa. No entanto, cresceu muito na segunda parte, arriscando mais e dando-se bem com isso, o que acabou por ser decisivo para o domínio que a equipa exerceu após o golo sofrido. Tudo somado, acabou por ser das unidades de maior rendimento da equipa.

Adrien - De novo, o contraste entre o que faz com e sem bola. Defensivamente, muito bem, com grande intensidade, ganhando vários duelos e com bom ajuste posicional, nomeadamente entre o meio e a esquerda. Com bola, no entanto, voltou a estar inconsistente, parecendo acusar algum desgaste com o evoluir do tempo e falhando, quer no objectivo de oferecer maior qualidade/consistência à ligação do jogo, quer no propósito de ajudar a aproximar a equipa do golo.

André Martins - É verdade que teve dificuldades em encontrar soluções de passe no último terço, em particular porque o Rio Ave controlou bem os seus movimentos sobre o corredor direito (através de um encaixe individual que já havia resultado no jogo de Alvalade). Mas não concordo que seja este jogo a servir de motivo para que se aponte o dedo a André Martins. Estas são as suas características - para o bem e para o mal - e o seu rendimento não esteve muito distante dos restantes jogadores ou daquilo que vem habitualmente fazendo. Isto é, é verdade que não teve a preponderância que a equipa precisava, mas isso não foi um contraste com o que é hábito ou com aquilo que foi a regra da equipa, na primeira parte. Com Adrien suspenso, seria interessante vê-lo nessa posição, onde creio ter mais vocação para actuar.

Heldon - Pela forma como lhe foi oferecida a titularidade, percebe-se que terá sido uma contratação com forte aprovação do treinador. A verdade é que não conseguiu ainda justificar a diferença para as restantes soluções da posição, quer em termos de capacidade de desequilíbrio, quer em termos de qualidade na envolvência no jogo.

Wilson - Um desempenho bastante modesto, onde teve até uma boa eficácia nas suas aparições com bola, mas onde não conseguiu causar qualquer impacto, acabando igualmente por fazer um jogo de muito pouca utilidade em termos de trabalho defensivo.

Montero - Permanece sem marcar, em parte porque a equipa não tem produzido muito em termos ofensivos, e em parte porque ele próprio não tem conseguido um grande impacto, sentindo-se alguma ansiedade na tomada de decisão. É claro que não se pode esperar a mesma frequência goleadora quando joga numa posição mais recuada, como tem acontecido com frequência, e isso deve ser tido igualmente em conta. Na segunda parte teve algum peso na ligação do jogo ofensivo, oferecendo-se como apoio frontal. Com mais um golo de Slimani e um jogo de suspensão, poderá ter perdido a titularidade como principal referência ofensiva da equipa.

Mané - Já havia causado um impacto positivo, jogando numa posição mais interior, mas onde a sua capacidade de transporte fez alguma diferença relativamente à primeira parte. Depois, acabou por marcar mesmo o golo decisivo, justificando-se a continuidade na aposta que nele vem sendo feita.

Slimani - O seu impacto como substituto tem sido incrível e, até, praticamente impossível de manter no futuro. Na próxima semana terá mais uma oportunidade como titular, e se tiver a sorte de marcar, certamente que a titularidade será sua.

Carrillo - Confesso que não vejo grandes motivos para o seu eclipse recente, suspeitando que os motivos terão a ver com mais do que aquilo que mostra em campo. Isto, porque Carrillo permanece como o mais virtuoso entre os extremos da equipa, e mesmo que a sua regularidade ainda não tenha sido conseguida, também me parece estranho que não tenha surgido mais vezes como alternativa, em algumas partidas recentes. O grande destaque da sua curta presença foi, claro, o cruzamento para o segundo golo.

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21.2.14

Liga Europa, Benfica e Porto

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- Será a Liga Europa uma competição secundária? Para quem, como eu, cresceu de ouvido colado à rádio a cada quarta-feira europeia, esta será sempre uma ideia difícil de encaixar. Esse era nem mais, nem menos do que o climax de qualquer temporada futebolística, e era para aí que se canalizavam os mais ambiciosos sonhos de qualquer adepto, independentemente da competição em causa. Mas, na vida as coisas mudam, e no futebol têm de facto mudado muito com o passar dos anos. Talvez não faça sentido, do ponto de vista lógico, que se dê prioridade a uma competição interna - campeonato - cujo troféu já enche, às dezenas, os museus dos principais clubes nacionais, em detrimento de uma prova de muito maior prestígio global e que apenas por um par de vezes foi conquistada por clubes nacionais. Mas, e volto a repetir esta ideia, o futebol não se explica pelo lado racional, e todos sabemos a importância emocional que tem a organização da festa final do nosso campeonato. A verdade, neste sentido, é que a Liga Europa é mesmo uma competição secundária para muitos clubes europeus - particularmente aqueles que disputam as principais ligas - e também para os portugueses vem-no sendo cada vez mais.

- Uma coisa é o que se diz na conferência de imprensa - e todos dizem o mesmo, que "todos os jogos são para ganhar" - outra, bem diferente, é o que depois resulta nas opções, práticas, dos treinadores. É aí que, claramente, Jorge Jesus e Paulo Fonseca se distinguem. E, vendo bem, percebe-se porquê. Jesus, mais do que nunca, quererá saber pouco ou nada desta competição, estando bem presente na memória o trauma negativo da época anterior, onde a presença na primeira final europeia do clube, ao fim de mais de 20 anos, não chegou para, emocionalmente, compensar os 2 pontos perdidos internamente. Já Paulo Fonseca terá outra perspectiva. O campeonato é o mais importante, sem dúvida, mas já não depende dele, e não será com uma colecção de taças internas que o treinador sairá por cima no final da época. A única maneira de compensar minimamente uma eventual perda na corrida para o título será através de um feito - improvável, mas perfeitamente possível - na final de Turim. E por aqui se explicam, na minha leitura, as prioridades de um e de outro na composição dos respectivos onzes iniciais, sem que tal tivesse evitado, porém, a ironia do contraste entre os dois desfechos.

- Em Salónica, o Benfica arrancou uma vitória ao velho estilo italiano dos anos 90. Não pelo 'catenaccio', que foi mais relembrado na estratégia grega, mas pela forma como geriu o jogo de forma aparentemente tranquila, confiante na sua superioridade, e marcando praticamente na primeira ocasião que teve para o fazer. Parece simples: ir à Grécia, levar uma equipa de rotação, ganhar, fazer as malas e regressar. Parece, mas tal só é possível pela forma como o modelo táctico está assimilado por todos os jogadores do plantel. Outra coisa curiosa é o facto do Benfica ser, agora, uma fortaleza defensiva aos olhos de adeptos e comunicação social, quando há bem pouco tempo todos apontavam as fragilidades defensivas como o principal defeito da equipa. Mistérios...

- Mais curioso ainda, o que se passou no Dragão. O empate, note-se, é mesmo penalizador para o Porto. Não que o Eintracht não tivesse justificado marcar, mas porque foi preciso uma enorme dose de eficácia para que pudesse chegar ao empate. Por muito que o fado nos possa parecer anunciado, são coisas que acontecem a todos. Mas há 3 coisas surpreendentes que me merecem um comentário especial. Primeiro, claro, o "coelho" que Quaresma tirou da cartola. No fim das contas, serão estes rasgos, e a frequência com venham a acontecer, a definir a utilidade do seu contributo, porque em praticamente tudo o resto, já se sabe com o que (não) se pode contar relativamente ao 7 portista. Depois, o caricato segundo golo do alemão: um auto-golo não é assim tão incomum, agora um auto-golo na sequência de um desvio de um outro jogador da própria equipa, confesso que já tenho alguma dificuldade em recordar algo igual. Finalmente, as declarações - não menos caricatas - de Paulo Fonseca. As "gaffes" acontecem a todos, e não serei certamente eu a enfatizar a importância que elas, na realidade, não têm. No entanto, é provável que no caso de Paulo Fonseca elas possam reflectir a insegurança do treinador em relação ao actual momento da equipa e à sua própria posição, em particular. Já o tinha escrito, parece-me que o principal pecado do treinador nesta sua passagem pelo Porto pode ter sido a forma como se deixou afectar pelo ruído mediático em seu redor, e estes sinais podem ter a ver com essa vulnerabilidade.

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20.2.14

Champions, oitavos-de-final (II)

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Arsenal - Bayern
O estatuto actual do Bayern fazia com que a vitória forasteira fosse, à partida, o cenário mais expectável. É indiscutível a justiça do desfecho, mas confesso-me pouco impressionado com a exibição da equipa de Guardiola. Talvez a culpa seja das elevadas expectativas...

Sobre o Arsenal, creio que dificilmente será uma equipa com ambições reais de chegar muito longe nesta prova ou mesmo de conquistar o título interno. Tem uma boa equipa, sem dúvida, mas não o suficientemente para rivalizar com outros concorrentes, sendo que do ponto de vista táctico, por outro lado, se observam limitações importantes e que, na minha leitura, condicionam muito as possibilidades de superação da equipa. Em particular, o espaço entrelinhas, pela facilidade de desposicionamento dos médios, e que foi notoriamente contemplado na estratégia de Guardiola para este jogo.

De resto, Wenger mostrou-se bastante cauteloso na abordagem à partida, particularmente arriscando muito pouco em termos de construção, onde apostou quase tudo numa ligação longa para tentar jogar a partir da segunda-bola, quase sempre sobre o corredor direito. É verdade que esta iniciativa obteve uma eficácia assinalável - também, a meu ver, por algum défice na resposta do Bayern - mas parece-me questionável o ênfase dado a esta solução. O Bayern arrisca muito em termos de pressing em organização defensiva, e sendo certo que qualquer desafio representa um risco, parece-me igualmente que o Arsenal teria qualidade suficiente para se propor algo mais neste plano. De resto, e como tento mostrar no vídeo, foi por essa via que a equipa de Wenger começou por criar mais problemas ao seu adversário, nos minutos iniciais.

Quanto ao Bayern, e como já referi, Guardiola focou muito a sua estratégia no aproveitamento do espaço entrelinhas, com a colocação interior dos extremos e com um deles quase sempre nas costas dos médios do Arsenal. A ideia - parece-me - seria manter os médios inicialmente mais baixos, de forma a atrair o duplo-pivot dos 'Gunners' através da circulação baixa para, depois, aproveitar o espaço criado nas suas costas. A verdade é que, e mesmo conseguindo alguns bons períodos de circulação, o Bayern teve dificuldades em encontrar os espaços essenciais que intencionalmente procurava, acabando por se dar o paradoxo de ser numa das raras ocasiões em que Robben protagonizou o seu movimento mais clássico - da direita para o meio - e sem ninguém entrelinhas, que o Bayern abriu o caminho para o triunfo.

Mas as minhas principais reticências relativamente ao Bayern não vêm daquilo que faz com bola, onde a qualidade é obviamente muito elevada - ainda que existam alguns aspectos que não tenha gostado tanto desta vez. Defensivamente, a equipa parece-me facilmente exposta na sua última linha, havendo muito pouco apoio oferecido por elementos de outros sectores (a excepção é o pivot). É certo que a equipa é forte no condicionamento mais alto e que é difícil ultrapassar sistematicamente essa barreira sem correr riscos importantes, mas é também bom recordar que o Bayern foi campeão europeu utilizando um estilo completamente ao que é hoje praticado, nomeadamente na eliminatória com o Barça. A minha dúvida reside no que acontecerá perante a reedição desse tipo de confronto, ou seja perante uma equipa que possa rivalizar em termos de qualidade na presença em posse, havendo a convicção de que, desta vez, Guardiola manterá por certo a identidade da sua equipa. É, provavelmente, a maior curiosidade que tenho para esta edição da Champions, e espero que o sorteio nos presenteie a todos com esse brinde...

Milan - Atl.Madrid
Quem olhasse para este jogo de uma forma descontextualizada, isto é não conhecendo o trajecto recente das duas equipas, estranharia por certo o enorme favoritismo atribuído aos visitantes. Nem o Atlético tem um historial que o justifique, nem tão pouco em termos de valores individuais se encontra uma evidência explicativa para este "fenómeno". A verdade, porém, é que David e Golias inverteram os papeis num espaço de tempo muito curto, e era sobre o Atlético que estavam depositadas as maiores expectativas. Fazendo justiça à equipa de Seedorf, o Milan não merecia o castigo da derrota. Não que tivesse sido superior ao Atlético, mas porque conseguiu quase sempre controlar o seu opositor e, num par de ocasiões, estar ela própria muito perto de marcar.

De resto, este foi um jogo essencialmente equilibrado, o primeiro nestes oitavos-de-final onde ambas as equipas deram prioridade ao controlo dos espaços essenciais. É claro que o Atlético mostrou mais qualidade em termos tácticos, nomeadamente sendo capaz de seleccionar melhor as situações onde era, ou não, possível pressionar a todo o campo. Em termos de comportamento com bola, porém, a equipa de Simeone não foi tão competente e apenas na segunda parte conseguiu ser mais consistente nesse particular. O Atlético tinha neste embate um desafio importante (que não está ainda concluído, note-se), porque surgia na sequência de uma fase menos bem sucedida em termos de resultados, e onde a confiança podia ser uma fragilidade adicional. Para já, e com alguma sorte, a equipa sobreviveu ao desafio, mantendo-se como 'dark horse' em duas corridas simultâneas. Será capaz Simeone de dar continuidade ao sonho/milagre, mantendo-se até ao fim na luta pelos dois mais difíceis troféus do futebol europeu? Em princípio, dir-se-ia que não mas, chegados aqui, o melhor é mesmo desconfiar...

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19.2.14

Champions, oitavos-de-final (I)

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Man City - Barcelona
A elevada expectativa em torno deste embate era, do meu ponto de vista, perfeitamente justificada. Em particular, havia a curiosidade de observar a forma como qualquer dos conjuntos reagiria perante a capacidade de circulação do adversário. Porque se nos respectivos campeonatos Man City e Barça estão habituados a fazer "gato-sapato" do pressing alheio, raramente qualquer delas se confrontou com o seu próprio veneno. Neste sentido, o jogo mostrou algumas coisas interessantes, acabando o equilíbrio por ser desfeito pelo lance do primeiro golo. Aqui ficam aqui algumas notas que, a meu ver tacticamente, lançaram os dados do jogo:

- Mais respeito por parte do Pellegrini: Não alterou a estrutura - de novo, mudar as características dos jogadores não implica forçosamente que se mude a estrutura - mas quis 1) claramente manter o controlo sobre a projecção ofensiva dos laterais, abdicando de um ala interior à esquerda, e 2) oferecer maior presença defensiva à linha média, com a inclusão de David Silva na primeira linha de pressão, mas com a missão de baixar para uma linha mais baixa, sempre que a posse do Barça assim o exigisse. Um comportamento que retirou à equipa a primeira referência vertical para o momento de transição, e daí talvez se explique a maior dificuldade de progressão após a recuperação da bola.

- Posse do Barça: Para além das opções no onze - e provavelmente mais importante - notou-se a preocupação do City em baixar as linhas perante a posse do Barça, privilegiando a protecção dos espaços essenciais em detrimento de maior urgência na procura de recuperar a bola. O resultado foi, na minha leitura, bom. Ou seja, é verdade que o Barça teve muito mais bola, mas o facto é que apenas com muito pouca frequência chegou a zonas verdadeiramente problemáticas para o City. Aqui, pode-se questionar a movimentação catalã no último terço, frequentemente com pouca presença para responder às entradas da bola na última linha contrária e, pontualmente também, com alguma redundância de movimentos. Nota, do lado do City, para o comportamento de Demichelis, muito facilmente atraído pelas movimentações contrárias - era uma oportunidade que se abria para o Barça mas, note-se, não foi por este motivo que se deu o lance decisivo.

- Posse do Man City: Muita qualidade na circulação, com menor volume, é certo, mas com mais verticalidade e capacidade de aproveitar espaços essenciais, nomeadamente a zona entrelinhas. Esta diferença resulta, não só da postura de ambas as equipas com bola, mas sobretudo da postura mais pressionante do Barça, relativamente ao City. Este dado fez com que o City fosse mais vezes provocado pelo pressing contrário, definindo-se mais rapidamente situações de definição das jogadas em que, ou o Barça recuperava, ou o City encontrava espaço para progredir. E foi quase sempre assim, enquanto o jogo esteve 11x11. Outro aspecto que me parecia ter algum potencial era o 'overlap' dos laterais do City, um movimento muito forte na equipa de Pellegrini e que o Barça poderia ter dificuldades em controlar, pela velocidade com que é feito e pelo posicionamento habitual dos médios e extremos blaugranas. No entanto, esse movimento nunca chegou a ser testado no jogo.

Perante estes dados, o jogo foi decorrendo com algum equilíbrio, acabando tudo por ficar determinado num lance de transição, e que podia ter acontecido para qualquer lado. É claro que a maior qualidade técnica do Barça ajuda, e que a decisão de Demichelis é, igualmente, questionável. Mas, não tenho dúvidas, também podia ter sido o City a ganhar vantagem numa situação semelhante. O City deverá sair, mais uma vez, de forma permatura desta competição, mas fica clara a sua evolução nesta temporada e, pelo menos para mim, a sua candidatura ao título interno fica reforçada com a saída da Champions.

Leverkusen - PSG
É certo que não ajuda sofrer um golo praticamente na primeira jogada do jogo, mas não creio que isso sirva para explicar tudo o que aconteceu. Confesso que me espanta a abordagem do Leverkusen, nomeadamente a forma como arriscou na sua postura pressionante, perante uma equipa tão forte tecnicamente como é o PSG. Subir linhas para pressionar a todo o campo pode parecer sempre uma boa ideia para dois adeptos, numa conversa de café, mas... para o treinador do Leverkusen, num jogo de Champions frente ao PSG, só muito dificilmente o poderia ser. Muito espaço entre sectores e muito desposicionamento, de um lado. Muita qualidade técnica e capacidade de circulação, do outro. O resultado foi o sentenciar da eliminatória em menos de 45 minutos.

Sobre o Leverkusen, dizer que há, de facto, uma grande diferença entre as 2 principais equipas do futebol alemão - Bayern e Dortmund - e as restantes. Não só no potencial técnico dos seus jogadores, mas também em termos de maturidade táctica na abordagem aos jogos. O Schalke, se repetir esta tipo de receita frente ao Real, poderá seguir o mesmo destino.
Sobre o PSG, reforçar que se trata mesmo de uma das mais fortes equipas do futebol europeu da actualidade. Estará um degrau abaixo de Barça, Real e Bayern, mas esta não é uma equipa do actual "pelotão" do futebol europeu. Convém perceber a diferença (e estou a lembrar-me de algumas coisas que por cá se disseram nos recentes confrontos com o Benfica).

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