- Em Basileia, o Porto terá realizado uma exibição que me parecer dizer muito daquilo que é, e tem sido, a equipa de Lopetegui. Grande capacidade para se impor no jogo, dominando o adversário quase que por completo, num registo que julgo ser muito meritório e ao alcance de um número não muito extenso de equipas. Por outro lado, este domínio não tem correspondência na capacidade criativa da equipa no último terço, sobrando a ideia de que as suas dinâmicas poderiam oferecer mais a esse nível. O já muito discutido problema jogo interior (ou melhor, da falta dele), claro, mas não apenas isso, como também já escrevi. Há, porém, outro ponto que vem marcando muito a trajectória desta equipa, e que tem penalizado de forma decisiva as suas aspirações. Refiro-me, à facilidade com que a equipa sofre golos, perante tão pouca exposição defensiva. Foi assim frente ao Benfica, frente ao Marítimo e agora também em Basileia, complicando uma eliminatória que poderia nesta altura estar já muito mais bem encaminhada. É difícil perceber até que ponto este é um problema que deriva da simples aleatoriedade do jogo, ou de algo que possa denunciar uma tendência da própria equipa, mas eu tendo a valorizar mais a primeira hipótese...
- Em relação à Champions 2015, que arranca agora para a sua fase decisiva, a minha perspectiva é que existem três equipas com mais hipóteses de sair vitoriosas do que as outras. Em primeiro lugar, o Barcelona, que como já escrevi me parece claramente a melhor equipa do futebol europeu nesta altura, e depois Bayern e Real Madrid. O Bayern, pelo potencial técnico, mas também pela mais valia que representa ter Guardiola na liderança, o que faz com que dificilmente alguma equipa poderá dominar um jogo contra os bávaros (teria a curiosidade de ver um confronto Bayern-Barça, a este propósito). O Real, porque apesar de ser uma equipa a meu ver não muito optimizada do ponto de vista colectivo, tem simplesmente um conjunto de jogadores fantástico, com quem apenas o Barcelona rivalizará. Há, na minha leitura, duas ou três formações que se poderiam aproximar bastante deste trio, dado o potencial técnico que possuem, mas que não creio que estejam colectivamente preparadas para tal. Casos de PSG ou Man City, por exemplo. Assim, fora dos três candidatos que distingui, parece-me que pode haver um grande equilíbrio, incluindo aqui também o Porto, que me parece ter a consistência suficiente para se bater de igual para igual (ou muito próximo disso) com a generalidade das formações ainda em prova.
- Em foco na semana, e sobretudo por resultados menos positivos, esteve o Sporting. Como os dois jogos me parecem bastante diferentes, penso que fará sentido separá-los, começando pelo do Restelo. Estou de acordo, e parece-me pouco discutível, que o Sporting terá feito um jogo pouco inspirado, mas também não me sobram grandes dúvidas de que a veemência das criticas à equipa resultam essencialmente do resultado, e não tanto da exibição. No futebol, e apesar de sistematicamente ouvirmos o contrário, são os resultados que ditam praticamente tudo, e nem os próprios protagonistas conseguem fugir à sua influência. O exemplo, é a própria análise de Marco Silva ao jogo, assim como as suas substituições ao intervalo, a meu ver sem grande justificação para tal. Será que se Montero ou William tivessem convertido as boas oportunidades de que desfrutaram nesse período, Marco Silva teria sido tão cáustico na sua análise ao desempenho da primeira parte, e teria feito as substituições que fez? Mesmo estando num domínio apenas conjectural, eu arriscaria claramente que não. Assim como não me parece que houvesse grandes criticas à equipa se esta tivesse sido mais eficaz relativamente às ocasiões criou. Não foram muitas, é certo, mas também é inegável que o Sporting conseguiu ser uma equipa bastante dominadora num jogo frente a um dos adversários mais fortes do contexto nacional, e que a exibição que produziu não terá sido assim tão inferior a outras que terminaram com os 3 pontos para a equipa de Marco Silva. O resultado, reforço, dita quase tudo no que respeita aos sentimentos e análises pós-jogo.
O jogo frente ao Wolfsburgo foi, obviamente, diferente. O Sporting revelou capacidade para ter bola, não se submetendo a um domínio demasiado acentuado em termos de presença territorial, mas é por outro lado uma equipa que se continua a revelar muito frágil em termos defensivos. Seria, a meu ver, bastante mais desculpável se a equipa tivesse sido exposta em situações de bola parada ou transição, que podem sempre acontecer num determinado jogo, mas o que se passou foi que o Wolfsburgo conseguiu de forma demasiado fácil expor o Sporting no momento de organização, onde normalmente quem defende encontra mais condições para ser bem sucedido. Nomeadamente, os movimentos de De Bruyne foram sempre mal controlados pelo bloco defensivo, que repetidamente permitiu que o belga recebesse em zonas onde tinha condições para criar vantagem, pagando o Sporting bastante caro por essa e outras fragilidades. É um mal que acompanha o Sporting desde o inicio de temporada, e aquele que na minha leitura mais prejudicou as aspirações da equipa em todas as frentes onde jogou. O Sporting é uma equipa que consegue ter bons períodos de posse de bola e que por isso não tem de defender muito (especialmente a nível interno, onde o diferencial técnico é enorme para a generalidade das equipas), mas consente demasiadas ocasiões para o tempo que passa no processo defensivo e, como referi, isso tem sido o seu maior e mais custoso pecado em toda a época, tendo a ver na minha perspectiva com a qualidade dos seus processos colectivos e não com as qualidades dos individuais dos seus jogadores, que me parece ser a teoria mais em voga.