Quando a FPF apontou Scolari para o cargo de seleccionador nacional achei, como muitos, que o nosso país tinha cultura, tradição e talento mais do que suficientes para não ter de importar “know-how” estrangeiro em matéria de futebol... O Europeu passou, também a qualificação para o Mundial e ao longo deste tempo a minha opinião sobre o “Sargentão” alterou-se radicalmente!... Com ele não se repetiram casos “Saltillo”, Paula ou o caso do Mundial da Coreia... Scolari mostrou parte de um caminho que deve continuar a ser percorrido para que a Selecção se torne cada vez mais não só o “Clube de todos nós”, mas também um Clube ganhador.
Quando a FPF apontou Scolari para o cargo de seleccionador nacional achei, como muitos, que o nosso país tinha cultura, tradição e talento mais do que suficientes para não ter de importar “know-how” estrangeiro em matéria de futebol. As exclusões de históricos como Baía e João Pinto sem que tivesse sido dada qualquer justificação e as embaraçosas exibições da Selecção na preparação para o “nosso” Europeu foram-me convencendo de que as minhas desconfianças iniciais não eram desprovidas de razão. Afinal Scolari tinha sido Campeão Mundial, sim senhor, mas pelo Brasil e num Mundial em que os seus principais adversários foram caindo antecipadamente (França e Argentina nem sequer passaram da primeira fase...). Para mais, era um treinador Sul-Americano sem qualquer experiência europeia com a responsabilidade de preparar um Campeonato...Europeu!
O Europeu passou, também a qualificação para o Mundial e ao longo deste tempo a minha opinião sobre o “Sargentão” alterou-se radicalmente! A Selecção Portuguesa sempre sofreu de vários males, uns muito próprios da nossa realidade cultural e futebolistica como a indisciplina vivida nos estágios e a “clubite” sentida aos mais variados níveis, e outros próprios de todas as selecções e que têm a ver com a escassez de tempo para trabalhar, quer o modelo de jogo, quer o próprio espirito de grupo, essencial para a criação uma dinâmica colectiva. Scolari não terá sido um milagreiro mas a sua conduta conseguiu resolver muitos destes problemas: Com ele não se repetiram casos “Saltillo”, Paula ou o caso do Mundial da Coreia e foram excluidos pela primeira vez jogadores dos planos de preparação por motivos ligados à indisciplina e à falta de atitude para com a Selecção (Conceição, Meira e Maniche foram afastados depois do jogo com a Espanha na preparação para o Euro). Adoptou um modelo e sistema de jogo (4-3-3) e compôs um grupo para o fazer evoluir. Um grupo que não era composto por uma selecção dos jogadores que estavam em melhor forma nos mais variados momentos, uma espécie de prémio de performance, mas um grupo de pessoas que trabalham a prazo para um atingir um objectivo comum.
Scolari mostrou parte de um caminho que deve continuar a ser percorrido para que a Selecção se torne cada vez mais não só o “Clube de todos nós”, mas também um Clube ganhador. Um caminho cujo próximo trilho deverá ser preparado quando Scolari abandonar a selecção (julgo não ser conveniente que fique para além de 2006) e poderá passar pela implementação de algumas ideias que têm sido expostas por Mourinho em relação à metodologia de trabalho nas selecções... Esta evolução não será porém fácil. É preciso