3.6.09

Treinadores: os outros talentos do futebol português

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Se o futebol português tem tido alguma dificuldade em manter o nível de qualidade dos seus jogadores, o mesmo não se pode dizer em relação aos treinadores. Ainda há pouco quem reconheça valor aos treinadores que vão nascendo por cá, mas a verdade é que o futebol é estudado e pensado de uma forma muito avançada em Portugal e muitos e bons treinadores têm aparecido nas nossas equipas. O maior exemplo da forma como o treino e a táctica têm evoluído de forma extraordinária em Portugal é, claro, José Mourinho. Entrar no país da táctica e colocar toda a gente a querer aprender com os seus métodos inovadores (e que tiveram origem em terras lusitanas) é algo que creio ser inédito. Outra prova desta qualidade é a dificuldade que os treinadores estrangeiros têm em se impor por cá. Claro que nem todos são bons, mas creio que as coisas têm tendência a melhorar, sobretudo se os novos forem ávidos de estudar e aprender sempre mais. Algo que não foi apanágio em gerações anteriores e daí a sua dificuldade em resistir à evolução dos tempos.

Não sendo ainda um dado adquirido, é possível que a Liga 09/10 comece apenas com treinadores portugueses e alguns deles bem promissores. Aqui ficam alguns destaques sobre a época passada e já com um olhar para o que virá.


Começando pelo nome que mais abordei durante a época, Jorge Jesus. Não foi uma surpresa mas antes uma confirmação. O seu Braga não teve uma classificação brilhante, mas teve um desempenho Europeu notável e o caso de Jesus é sobretudo meritório pela qualidade do seu modelo. O “salto” eminente não espanta.

O treinador que bateu Jesus na Liga, foi Manuel Machado. O minhoto agora radicado na Madeira contou com um excelente plantel e também com um muito menor indice de lesões. O facto de ter um modelo que dá muita importância às referências de marcação individuais e que se orienta muito para situações de transição inibe que se possa equacionar grande sucesso a um nível superior.

A sensação do inicio de época foi José Mota. Tal como foi prevendo a queda acabou por acontecer na segunda metade da época. Mota nunca conseguiu dar a qualidade que chegou a defender ter e a perda do factor surpresa, assim como a saída do tacticamente relevante Wesley acabaram por ditar essa quebra. Ainda assim, o trabalho foi muito bom em 07/08, provando muita capacidade para compor planteis com poucos recursos.

A grande revelação da temporada, para mim, foi Domingos. Não que já não tivesse mostrado bons trabalhos em épocas anteriores, mas porque conseguiu de facto uma época excepcional numa equipa com muitos problemas e poucos recursos. O seu modelo de valorização da posse de bola nem sempre foi suficientemente agressivo e incisivo, mas também teve momentos de grande qualidade. O “salto” para um nível europeu está eminente e aí poderá confirmar com mais recursos os indícios mostrados.

08/09 viu ainda Carvalhal regressar ao futebol português. Muitas expectativas sobre o treinador não tiveram confirmação nos resultados, apesar de terem ficado bons momentos e bom futebol. Carvalhal é, em termos de competências dos mais fortes treinadores portugueses da actualidade, mas terá de conseguir os resultados que o confirmem. A reestruturação do plantel e da equipa será fundamental não só para esta época, mas para o seu futuro.

O Setúbal apresentou agora Carlos Azenha. As dificuldades do Setúbal levam a pensar que Azenha terá tido algumas certezas sobre o plantel para aceitar este desafio, mais do que provavelmente dadas pelo Porto. É uma excelente notícia para o futebol português esta aposta. Resta que Azenha confirme no campo as competências que manifestamente tem.

Uma nota ainda para Paulo Sérgio que conseguiu o sucesso com um modelo diferente daquilo que é hábito na primeira liga, e para o regresso de Jorge Costa. A primeira divisão será novo desafio e Jorge Costa terá de provar ter evoluído em relação ao passado para poder, sequer, sonhar com uma ascensão a um nível mais elevado.



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